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Além das perdas no valor de R$ 309 milhões que a Prece, fundo de pensão da Cedae, teve com operações na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), a fundação também teve prejuízo em operações com títulos públicos. Em um só dia, por exemplo, a entidade perdeu R$ 3,831 milhões. O negócio é apenas um dos 52 danosos à Prece, o fundo de pensão no qual a CPI dos Correios encontrou maior número de irregularidades.

Um exemplo de negócio no qual a fundação sofreu prejuízo foi feito em 19 de agosto de 2003, com um lote de 2.500 títulos públicos (NTN-A3). Naquele dia, os papéis foram comprados pela Turfa S.A. DTVM, da Brasil Central DTVM por R$ 1.984,21 cada um. Ou seja, a um custo total de R$ 4,960 milhões.

No mesmo dia, os papéis foram vendidos pela Turfa para a Mercatto Profit/Brasdt, um fundo de investimento exclusivo da Prece. A Turfa cobrou R$ 3.516,89 por cada título.

Na prática, foi como se a empresa tivesse comprado determinado produto por R$ 4,9 milhões e o vendido no mesmo dia por R$ 8,792 milhões para o fundo.

Apesar dos problemas, a CPI dos Correios está impedida de analisar os dados referentes à fundação da Cedae por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a quebra do sigilo bancário da entidade promovida pela comissão. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), sub-relator que investiga os fundos de pensão, lamentou a situação:

- Não posso tecer comentários sobre os dados sigilosos, mas registro o meu protesto em relação à decisão do Supremo que proíbe o exame das movimentações financeiras da Prece, tendo em vista que esse fundo é o que apresenta o maior número de suspeitas de irregularidades até o presente momento detectadas entre os 14 fundos investigados - afirmou o deputado.

A Turfa, que vendeu os papéis para o fundo, no ano seguinte, trocou de nome para Euro DTVM, uma das corretoras que já estavam sendo investigadas pela CPI dos Correios por ter participado de negócios com o Rio Previdência e com o Núcleos, fundo de pensão das estatais da área de energia nuclear, que deram prejuízo aos fundos. Essas operações estão sob suspeita de terem provocado perdas de até R$ 25 milhões e R$ 22,7 milhões, respectivamente, para cada um dos fundos.

Um dos sócios da Turfa, Eric Bello, na época, é filho do então presidente do RioPrevidência, Ruy Bello. A direção da corretora argumenta, entretanto, que ele não sabia das operações. Além da Turfa, os diretores da Quality Corretora estão sendo investigados sob suspeita de terem sido responsáveis por operações que deram prejuízo para a Prece. Os dois principais dirigentes da Quality, Marcos Cesar de Cassio Lima e David Jesus Gil Fernandes, também foram diretores da Safic Corretora, investigada pela Comissão de Valores Mobiliários por suspeita de ter participado de operações feitas na BM&F entre fevereiro e abril de 2000 que teriam provocado prejuízo de R$ 2,9 milhões ao fundo da Cedae.

No relatório parcial sobre as investigações que fez nos fundos de pensão, a CPI dos Correios encontrou perdas no total de R$ 730 milhões para os fundos em operações no mercado de derivativos, feitas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

Nas operações com títulos públicos analisadas até agora, os técnicos que trabalham com a CPI já encontraram um prejuízo de R$ 50 milhões para as fundações. São operações parecidas com as feitas pela Prece, nas quais os fundos aparecem comprando papéis por preços maiores que os do mercado no dia ou vendendo por preços menores.

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