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Temer decidiu liberar verba de emendas parlamentares e para os prefeitos para fazer afago às bases no fim do ano. | Sergio Lima/Folha Imagem
Temer decidiu liberar verba de emendas parlamentares e para os prefeitos para fazer afago às bases no fim do ano.| Foto: Sergio Lima/Folha Imagem

Apesar de ser o maior partido brasileiro – tem o maior número de filiados, prefeitos, vereadores e deputados –, o PMDB enfrenta tantos desafios de governabilidade quanto as demais siglas que passaram pela Presidência da República. Nestes últimos dias de 2016, o presidente Michel Temer teve de sair numa operação de emergência para acalmar os aliados. Após a derrota no plenário da Câmara na votação do projeto de socorro aos estados e o veto parcial ao texto, Temer vai liberar R$ 7,3 bilhões em emendas parlamentares. Um afago típico do Planalto às bases e do qual nem mesmo o presidente peemedebista conseguiu escapar.

Segundo parlamentares, além da responsabilidade direta com o sucesso do governo, o momento atual – de crise política, econômica e ética – cria obstáculos. Para o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), o “tabuleiro” continua o mesmo, e isso trava as discussões e votações de propostas que poderiam modificar o Brasil. Ele diz que a mudança no sistema partidário é urgente. “Podemos ter as melhores ideias para o Brasil, mas o sistema partidário é o mesmo. Para discutir uma pauta na Câmara, precisa passar por 27 líderes, que têm direito a falar para encaminhar votações. Além disso, o líder pode pedir a palavra a qualquer momento”, relata.

Gigante

O PMDB é o maior partido brasileiro, com 2,4 milhões de filiados, ou 14,4% do total. Tem o maior número de políticos com mandato, também: em 2016, nas eleições municipais, foram eleitos 1.038 prefeitos e 7.536 vereadores. Atualmente há 59 deputados federais em exercício e 19 senadores. Em 2014, foram eleitos 7 governadores e 139 deputados estaduais.

Serraglio diz que as regras foram criadas há décadas, quando havia três partidos. “O sistema partidário precisa ser modificado, para que as siglas sejam identificadas por seus programas, suas ideologias”, opina. Para ele, a situação é agravada pela instabilidade econômica, política e por um “desespero público”, de insatisfação e revolta. “É muito tempero para uma salada só”, acrescenta.

O deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) também lamenta o que considera “demonização dos partidos”. Ele afirma que há pessoas corruptas em todos os lugares, profissões e países. “Basta ver o número de países em que a Odebrecht atuou pagando propina”, diz. Souza pondera que Michel Temer, na Presidência, facilita a governabilidade, por ser muito habilidoso nas negociações com o Congresso. “Tem feito um governo plural, buscando o equilíbrio”, diz.

Autonomia

Souza afirma que o partido garante independência para os parlamentares votarem as medias como acharem necessárias. “Votei no texto principal do projeto das Dez Medidas contra a corrupção, mas não votei nas emendas. Não por não achar que deva combater abusos, mas por entender que aquele não era o melhor instrumento”, relata.

O deputado João Arruda (PMDB-PR) também se diz independente, mesmo com a ascensão do PMDB à Presidência da República. Ele foi contra, por exemplo, ao projeto que tirou a obrigatoriedade de a Petrobras participar dos consórcios de exploraç

ão do pré-sal. Também foi voto vencido na renegociação de dívidas com governadores. “Apenas resolve problemas de governadores que foram incompetentes na gestão e que agora serão premiados com uma ajuda para pagar funcionalismo e 13º salário. É uma afronta à Lei de Responsabilidade Fiscal”, critica.

Arruda diz que também vai propor mudanças à reforma da Previdência, encaminhada pela gestão Temer. “Precisamos de discussões internas na bancada. Oferecer ideias, sugestões. Não simplesmente votar os projetos colocados”, afirma.

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