A presidente do PT Estadual, Gleisi Hoffmann, negou ontem que os deputados petistas que estão sendo investigados pelo Ministério Público Federal, Elton Welter e Pedro Ivo Ilkiv, possam ter participado do suposto "esquema gafanhoto" da Assembléia Legislativa. O "caso gafanhoto", divulgado pela Gazeta do Povo em julho deste ano, trata-se de suposto desvio de recursos públicos por meio de contratação de funcionários fantasmas, entre 2001 e 2004, no Legislativo estadual.
Gleisi afirmou, porém, que, como ficou definido pela Executiva em reunião anteontem, o PT vai acompanhar as investigações do MPF sobre o assunto. "Há casos que precederam essas investigações do Ministério Público que são muito importantes, como, por exemplo, o da sogra do (ex-chefe de gabinete do prefeito Beto Richa) Ezequias Moreira." Ela referiu-se ao episódio que atingiu, no ano passado, o então chefe de gabinete de Beto Richa, quando foi descoberto que a sogra de Ezequias Moreira era funcionária fantasma da Assembléia. Moreira, que admitiu ser o beneficiário dos pagamentos, deixou o cargo na prefeitura.
Para Gleisi, porém, o fato de haver investigação de deputados do partido não pode ser usado para ofuscar o objetivo do PT, que é de cobrar a punição dos envolvidos em desvio de dinheiro público. Ao todo, o MPF investiga 23 deputados ou ex-deputados que podem ter participado do "esquema gafanhoto". "Tenho certeza de que não há nada dessa natureza envolvendo nossos deputados, eles me asseguraram isso".
Segundo Gleisi, Ilkiv explicou que uma funcionária de seu gabinete era casada com um servidor do Legislativo e ambos recebiam seus salários numa mesma conta conjunta e que o procedimento contra ele foi arquivado. Ilkiv foi procurado ela reportagem, mas não foi encontrado.
Para o deputado estadual Elton Welter (PT), o Ministério Público já está "fazendo o dever de casa" e a manifestação da direção do partido parece ter sido extemporânea. Welter disse que não cometeu nenhuma irregularidade que justifique ser citado pelo MP. Afirmou que contratou uma jornalista no seu gabinete que ficou apenas dois meses no cargo e, na época, a funcionária indicou a conta corrente de um parente para receber os salários. A orientação teria sido dada pela direção da Casa.
PEC da Transparência
Gleisi afirmou que o PT vai discutir com a bancada estadual na Assembléia um posicionamento conjunto sobre o projeto emenda constitucional (PEC) que prevê a divulgação de informações sobre funcionários e gastos do Legislativo. A Assembléia não divulga a lista completa de funcionários da Casa, mas o presidente da AL, Nelson Justus (DEM), prometeu que a PEC irá ser apresentada até final do ano para corrigir a situação.
Questionado sobre a iniciativa do PT estadual de acompanhar as investigações sobre o "esquema gafanhoto", o líder da bancada do PT na Assembléia, deputado Péricles de Mello, foi evasivo. "O PT participa da Mesa Executiva. O presidente já está tomando as providências necessárias, que deverão resultar na PEC da Transparência, a ser apresentada até o final do ano."
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