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Negociações

Partido quer mais ministérios para apoiar reeleição

Nos últimos dias, o PMDB ameaçou não apoiar a presidente Dilma na campanha eleitoral deste ano caso não ganhe mais espaço. Dos 39 ministérios, os peemedebistas chefiam cinco e desejam comandar mais um, o da Integração Nacional. A reclamação é de que a legenda está sub-representada, sobretudo na comparação com o PT, que comanda 17 pastas, incluindo as duas de maior orçamento (Saúde e Educação).

"Veja o número de ministros do PT e os setores que eles ocupam e compare com os do PMDB, que têm recursos limitados", critica o paranaense Osmar Serraglio (PMDB). "Sem dizer que os ministérios do PMDB não são de porteira fechada. Têm peso e contrapeso no próprio ministério, o que você não encontra quando é do PT."

Boa relação

Vice-presidente da Câmara, o também paranaense André Vargas (PT) discorda da afirmação de que o PMDB esteja ­­sub-representado em Brasília. Segundo ele, o PMDB é um partido grande e importante, tanto que indicou o vice-presidente da República. "A presidente vai encontrar uma equação que contemple o PMDB e considere o tamanho e a importância dele."

Partido que garante a chamada governabilidade à gestão Dilma Rousseff, o PMDB fechou 2013 com o pior porcentual de fidelidade à petista nas votações de projetos do Executivo no atual mandato. O índice ficou em 60,8%. Ao mesmo tempo em que brigam por mais espaço no governo e para ter o apoio do PT em candidaturas a governador, com esse porcentual os peemedebistas impuseram à presidente o menor índice de fidelidade da legenda ao Palácio do Planalto em 25 anos, desde 1989. O levantamento é do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

INFOGRÁFICO: Do primeiro para o terceiro mandato, a taxa de votação favorável dos peemedebistas aos projetos do governo caiu 30 pontos percentuais

Desde a redemocratização, o PMDB fez oposição apenas ao governo de Fernando Collor (1990-1992) – além de um curto período durante parte do primeiro ano de mandato de Lula, em 2003. Até o ano passado, os três anos em que os peemedebistas menos tinham votado com o Executivo eram justamente os chefiados por Collor, em que os índices variaram de 61,4% a 69,8%. Agora, mesmo tendo Michel Temer, presidente nacional licenciado do PMDB, na cadeira de vice-presidente da República, Dilma obteve porcentual ainda menor, recebendo 60,8% de fidelidade da legenda nas votações na Câmara dos Deputados no ano passado.

No primeiro ano de mandato da petista, em 2011, porém, esse índice fechou em 90,3% – terceiro maior desde 1989. Logo em 2012, quando se iniciaram as reclamações peemedebistas, os números caíram para 71,2%, até bater em 60,8% em 2013. Com esses porcentuais, o grau médio de fidelidade do PMDB a Dilma (74,1%) é maior apenas que o de Collor (64,5%).

A média da petista também está abaixo da taxa média de fidelidade dos parlamentares peemedebistas ao governo desde a redemocratização, que é de 79,1%, número que demonstra a importância de não se abrir mão dos votos deles, sob o risco de derrotas em plenário. Dos partidos considerados grandes, apenas o PTB fica à frente, com 81,1%, só que sempre com bancadas muito menores.

Análise

Cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emerson Cervi afirma que existe uma tendência histórica no último ano do mandato presidencial de haver queda na fidelidade das bancadas, sobretudo em virtude da proximidade de uma nova eleição. "O PMDB tem um capital importante para forçar o governo a abrir mais espaço a ele, e uma das formas de se fazer isso é justamente por meio do conjunto das votações no Congresso", avalia.

Cervi argumenta também que essa queda de fidelidade faz parte de um ciclo que caracteriza o segundo partido mais importante do governo, posto que é ocupado pelo PMDB desde o início da gestão FHC, em 1995. "Três partidos elegeram grandes bancadas na Câmara: PT, PMDB e PSDB. O PT elegeu a presidente. O PSDB é oposição. O PMDB vira o fiel da balança", explica. "PT e PMDB têm, juntos, em torno de 160 votos. Por isso a importância do PMDB."

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