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O governador Roberto Requião (PMDB) e o secretário de Estado da Educação, Maurício Requião (PMDB), atacaram publicamente os deputados estaduais da própria bancada aliada que votaram a favor da proposta de emenda constitucional que acaba com o nepotismo no Paraná. As críticas aos deputados José Maria Ferreira (PMDB) e Élton Wélter (PT), durante solenidades no interior do Paraná, no fim de semana, estremeceram as relações políticas entre o governo e a Assembléia Legislativa, que chegou a apresentar ontem uma moção de repúdio ao governador.

O primeiro incidente foi durante a inauguração de um colégio em Nova Laranjeiras, na sexta-feira. O governador surpreendeu os convidados com um "desabafo" contra a emenda da Assembléia Legislativa e os deputados que votaram favoráveis. Ele acusou a maioria da bancada do PT de eleitoreira e oportunista e disse que o alvo é tirar o irmão Maurício do governo.

O deputado Élton Welter, que estava presente, ouviu e ficou calado. Ontem, usou a tribuna para protestar contra o que considera "desrespeito" do governador.

A causa dos ataques a José Maria Ferreira foi a mesma. Relator da proposta de emenda constitucional antinepotismo, o deputado contrariou a orientação do partido e votou favorável ao texto final que ajudou a elaborar.

A postura irritou o Palácio Iguaçu. No sábado, durante a convenção estadual do PMDB jovem, em Arapongas, o secretário de Educação, Maurício Requião, não poupou José Maria. Ao discursar, o irmão do governador chamou o deputado de "traidor", "imoral" e "covarde".

O parlamentar pediu a palavra para se defender, mas o presidente da Mesa, Luiz Cláudio Romanelli, não permitiu o rebate. O clima ficou tenso e por pouco os militantes ligados a José Maria e à família Requião não partiram para o confronto físico. Houve empurra-empurra e bate-boca.

Lamento

O deputado esperou até ontem para poder se manifestar na tribuna da Assembléia e até chorou ao lamentar o episódio. Ao condenar a "retaliação" do governo, argumentou que foi a própria bancada do PMDB que o indicou para ser relator da comissão especial que elaborou a emenda contra o nepotismo.

A nova lei, segundo José Maria, não tem intenção de atingir o Executivo e terá efeito maior nas 399 prefeituras e câmaras municipais, onde estão as maiores imoralidades na contratação de parentes.

O argumento do governador para tentar impedir a votação da emenda antinepotismo da Assembléia é de que a outra proposta elaborada pelo Executivo é mais abrangente porque proíbe o nepotismo cruzado entre poderes. A proposta, no entanto, não tem data para ser votada.

Já a emenda do Legislativo depende apenas da votação final. A expectativa dos deputados era liquidar o assunto ainda esta semana, mas o feriado da Páscoa pode prejudicar a discussão. O presidente da Assembléia, Hermas Brandão (PSDB), considera mais prudente adiar para a próxima terça-feira e garantir os 33 votos favoráveis necessários para a aprovação. Depois de publicada, a nova lei entra em vigor em 180 dias.

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