• Carregando...

Às vésperas de enfrentar um acampamento de servidores públicos na Esplanada dos Ministérios em mobili­­zação para uma greve geral do funcionalismo, a presidente Dilma Rousseff pôs fim à lua de mel do governo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT. A interlocutores, a presidente deixou claro que está mais preocupada com o controle dos gastos públicos.

A principal orientação de Dilma para lidar com as reivindicações dos servidores – mobilizados pela CUT – é resistir às pressões que inflem gastos com pessoal, de quase R$ 200 bilhões. A orientação é baseada na expectativa de um crescimento ainda menor da economia neste ano.

"Por enquanto, não tem negociação, tem enrolação", ataca o presidente da CUT, Ar­­tur Henrique. Depois de conversar com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, principal interlocutor do governo com movimentos sociais, o presidente da CUT diz que não lhe pediram moderação. "Ninguém seria louco de fazê-lo", afirmou. Ele contabiliza 248 greves de servidores entre 2003 e 2010 para negar que a relação da CUT com o governo Lula fosse tranquila, mas insiste em que o cenário mudou com a posse de Dilma.

Dados sobre gastos com o funcionalismo público mostram que a folha de salários cresceu acima da inflação desde 1995, início do primeiro governo Fernando Henrique Cardoso. O aumento foi maior a partir do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Em valores corrigidos pela inflação, o gasto com pessoal nos três Poderes caiu em 2011 em relação ao ano anterior, calculou a ONG Contas Abertas. Os gastos com pessoal vêm caindo desde 2010 como proporção do Produto Interno Bruto (PIB).

"Não dá para retroceder em relação aos oito anos de governo Lula", reclama o presidente da CUT. "Não dá para esticar essa corda", diz, cobrando uma resposta rápida do governo, o que, segundo ele, poderia evitar uma greve geral dos servidores. O prazo para o envio ao Congresso da proposta com a previsão de gastos para correção dos salários em 2013 é 31 de agosto, quando o governo formaliza o projeto de lei orçamentária para o ano que vem. O governo insiste em que não apresentará uma resposta aos sindicalistas antes do fim do mês, como cobram a CUT e entidades sindicais filiadas à central.

Até lá, para a preocupação do governo, policiais federais e auditores fiscais ameaçam aderir ao movimento iniciado há quase dois meses pelos professores universitários e que já envolve servidores de 26 setores em 22 Estados e no DF. Um acampamento na Esplanada está marcado para acontecer entre os dias 16 e 20.

O governo tenta conter a tensão com os servidores, pelo menos até encontrar uma contraproposta aos funcionários que já pararam ou ameaçam cruzar os braços, provavelmente envolvendo acenos para 2014, último ano de mandato da presidente. Militares são tratados como um capítulo à parte.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]