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Governo e oposição chegaram a um acordo para prorrogar a CPI do Mensalão por 30 dias. Os trabalhos da comissão terminariam nesta quarta-feira com a leitura do relatório do deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), mas os parlamentares, principalmente oposicionistas, consideram a prorrogação necessária para aprofundar as investigações.

Várias propostas foram apresentadas e, após muita discussão, oposição e governo decidiram apoiar o requerimento da deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), que prorroga a CPI por 30 dias. Até as 20h40, os parlamentares tinham conseguido reunir cerca de 120 assinaturas (são necessárias 171). O presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), marcou uma nova reunião para esta noite.

Houve muito bate-boca antes de se chegar a um acordo. A sessão marcada para as 19h, depois adiada para as 19h30m, chegou a ser aberta, mas foi encerrada em seguida pelo presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), por falta de quórum. A pedido dos integrantes da CPI, Lando aceitou marcar nova sessão para as 21h parq eu os parlamentares pudessem continuar buscando assinaturas para prorrogar a CPI.

Assim que Lando anunciou que não havia quórum para abrir a sessão administrativa, o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) acusou o governo de tentar impedir a prorrogação da CPI e de ser responsável pela pizza que estava se formando. O parlamentar disse que o governo não estava presente na CPI. Segundo ele, a proposta da base aliada de prorrogar a CPI por apenas dez dias "é uma vergonha".

Coube à senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) responder ao tucano. A senadora disse que o governo estava presente sim na CPI e queria ler o relatório. Mais cedo, o deputado Fernando Coruja (PPS-SC) chegou a dizer que a CPI poderia rejeitar o relatório de Abi-Ackel, caso o texto afirme que não há prova da existência do mensalão, e apresentar um relatório separado.

Criada para apurar suposto pagamento de propinas mensais a deputados e as denúncias de compra de votos para a aprovação da emenda constitucional que instituiu a reeleição, em 1997, a CPI do Mensalão não cumpriu os objetivos e perdeu-se em disputas partidárias.

Segundo Lando, com mais 30 ou 60 dias de esforço concentrado seria possível esclarecer o destino de todos os recursos transferidos já identificados. Há uma discrepância não explicada de R$ 12 milhões entre os valores que o empresário Marcos Valério de Souza declara ter entregue a parlamentares e o dinheiro recebido pelos partidos.

O relatório que será apresentado à CPI não tem provas convincentes de que tenha acontecido o pagamento da propina a parlamentares. Em entrevista à TV Globo, Abi-Ackel disse que não havia o pagamento mensal sistemático, mas chegou à conclusão de que houve entrega de recursos financeiros de uma só vez, em parcela única a alguns deputados e em várias parcelas a outros deputados:

- Não encontramos provas convincentes de que tenha havido um pagamento mensal, sistemático. Mensalidade prevê um pagamento de 30 em 30 dias, com data certa. A isso nós não chegamos, mas chegamos à conclusão que houve a entrega de recursos financeiros de um,a só vez, parcela única a alguns deputados e em variadas parcelas a outros.

Abi-Ackel disse que não é essencial a prorrogação do prazo da CPI e afirmou que tudo o que foi apurado até agora está no seu relatório. Ele disse apoiar o requerimento pela prorrogação se houver novidades nas investigações:

- Aceito a prorrogação desde que haja novas linhas de investigação. Eu não vou apresentar café requentado.

Abi-Ackel disse ainda que, se por acaso o texto não for votado na sessão da noite desta quarta, a culpa não será dele:

- Se hoje tiver quórum e rejeitarem o meu relatório, tudo bem. Se não tiver quórum, será pizza deles (da CPI). Nesse caso, houve uma pizza, mas o relator não participou da confecção dele porque concluí meu relatório.

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