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O governo mobilizou toda a sua base de apoio na tentativa de votar, na Câmara dos Deputados a medida provisória (MP) 258, que cria a Super-Receita. Para conseguir a aprovação, os líderes governistas negociaram algumas concessões com o relator da MP, deputado Pedro Novais (PMDB-MA), como a inclusão da renegociação das dívidas dos estados com o INSS. Embora isso tenha assegurado o apoio dos partidos da base, ainda não há garantia de aprovação da MP ainda nesta terça-feira, já que a oposição se uniu para obstruir as sessões na Câmara.

Na primeira votação de um requerimento da oposição pedindo o adiamento da pauta, o governo conseguiu mostrar que estava com a base unida. O resultado foi 257 votos contra, 15 a favor e cinco abstenções. Às 21 horas, os líderes governistas ainda apostavam que conseguiriam votar a MP nesta terça. Alguns destaques foram retirados para facilitar a votação, mas a oposição permanecia usando todo o tipo de artifício para atrasar ou mesmo inviabilizar a votação. Como semana que vem há um feriado na terça-feira, será praticamente impossível aprovar o texto na Câmara e no Senado se a aprovação não sair esta noite.

A oposição quer derrubar a MP 258 por decurso de prazo, sob o argumento de que o tema é complexo e precisa ser discutido por projeto de lei. Essa postura acabou atrasando a votação do relatório de Novais, que foi modificado depois de negociações com o governo e só apresentado aos parlamentares quando a MP já estava em discussão.

O governo está preocupado em aprovar a criação da Super-Receita porque montou toda uma estrutura que já está em funcionamento. Anunciou, inclusive, a abertura de concurso público com mais de mil vagas e instalou delegacias e representações em dez estados, entre outras providências. Na avaliação dos técnicos da área econômica, se a MP não for votada a tempo, haverá um grande prejuízo político e contábil.

Embora tenha dado uma demonstração de força ao unir a base em torno de uma MP bastante polêmica, o governo ainda não pode contar com a vitória. Mesmo conseguindo aprovar a medida na Câmara, há um desafio maior, o Senado, onde não tem maioria e precisará de um acordo com a oposição para votar a 258 antes que ela perca a validade, no próximo dia 18.

- A chance de não votar (a MP) no Senado já é real. Se o Senado quiser criar caso, vamos ter problemas - disse o líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES).

Na segunda-feira à noite, os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e das Relações Institucionais, Jaques Vagner, se reuniram com os líderes da base governista e com os chamados ministros políticos no Palácio do Planalto. Apenas o líder do PMDB, Lúcio Santiago, não participou da reunião, mas depois de novos encontros ontem no Congresso o partido fechou também posição a favor da MP.

O relator, Pedro Novais, também participou da reunião no Palácio do Planalto e negociou com o governo mudanças no texto para atender a algumas reivindicações das categorias envolvidas na fusão da arrecadação e fiscalização dos impostos e contribuições federais. Mas a modificação mais importante, incluída de última hora no relatório, foi o parcelamento das dívidas dos estados com o INSS em até 240 meses.

Essa concessão, que não tem qualquer relação com a criação da Super-Receita, teve como objetivo mobilizar os parlamentares da base em torno de um tema de interesse dos seus estados. O Congresso já havia aprovado na semana passada a renegociação das dívidas dos mu-nicípios com o INSS, mas nesse caso a iniciativa foi do PMDB, na votação realizada no Senado. Novais chegou a incluir essa medida no seu relatório, também para sensibilizar os partidos da base, mas teve de retirá-la, porque o Senado se antecipou.

A MP que cria a Super-Receita enfrenta a resistência de categorias da antiga Receita Federal e da Previdência. Apenas os técnicos da Receira são favoráveis.Ontem, auditores fiscais da Receita, procuradores do INSS e outras carreiras que se dizem prejudicadas com a fusão dos fiscos lotaram as galerias da Câmara com faixas e cartazes. "O Brasil não merece essa bomba", diziam.

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