O governo federal recebeu 2,541 bilhões de reais em dividendos de empresas estatais em março, segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), o maior valor já visto para esses meses e que deve ajudar no resultado do superávit primário do período. Um ano antes, esses desembolsos via dividendos haviam somado 767,3 milhões de reais, 70 por cento a menos do que o valor visto no mês passado. Em 2013 todo, as receitas angariadas de estatais somaram 17,142 bilhões de reais, segundo dados do Tesouro Nacional.

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Os dividendos das estatais têm ajudado os resultados fiscais do país, num momento de aumento do gasto público e fragilidade das receitas, afetadas tanto pela desoneração de tributos quanto pela economia em desaceleração.

Para tentar reconquistar a confiança dos agentes econômicos, abalada também pelas manobras contábeis usadas nos anos anteriores, o governo anunciou nova meta ajustada de primário de 2014 para o setor público consolidado --governo central (governo federal, Previdência e Banco Central): 99 bilhões de reais, equivalente a 1,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

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Para 2015, anunciou que perseguirá a meta cheia de 143,3 bilhões de reais, ou 2,5 por cento do PIB, considerada "mais realista" pelo governo e inferior ao objetivo cheio definido nos últimos anos de cerca de 3 por cento do PIB.

"O governo conteve um pouco o rumo na política fiscal, fez um freio de arrumação, mas ainda há um cenário negativo na política fiscal", afirmou o economista da Tendências Consultoria Felipe Salto.

Em fevereiro, dividendos e governos regionais ajudaram o setor público consolidado a registrar superávit primário, economia feita para pagamento de juros da dívida, de 2,130 bilhões de reais, ou 1,76 por cento do PIB em 12 meses.

O BNDES tem sido o principal pagador de dividendos à União nos últimos anos, respondendo por mais de 40 por cento pelo total. Em 2012 foram 12,938 bilhões de reais e, em 2013, 6,999 bilhões de reais, segundo Tesouro Nacional.

A Caixa Econômica Federal, que assim como o BNDES tem apenas a União como controladora, respondeu por cerca de 25 por cento dos dividendos pagos ao governo neste período. No ano passado, o banco teve lucro líquido de 6,7 bilhões de reais, avanço de 19,2 por cento sobre 2012.

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O resultado que traz o Siafi sobre março, no entanto, não detalha quais estatais contribuíram com as receitas de dividendos.

Procurado, o Ministério da Fazenda informou, via assessoria de imprensa, que não comenta o assunto.