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Richa: apesar de ter o segundo governo estadual mais bem avaliado, aprovação do modo como ele administra o Paraná caiu 21 pontos porcentuais em cinco meses | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Richa: apesar de ter o segundo governo estadual mais bem avaliado, aprovação do modo como ele administra o Paraná caiu 21 pontos porcentuais em cinco meses| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

No Brasil

89% aprovam os protestos; saúde é a principal reclamação

Agência Estado

A pesquisa nacional CNI-Ibope divulgada ontem mostra que 89% dos brasileios são favoráveis às manifestações que ocorreram no país. E apenas 9% são contrários aos protestos. Apesar disso, a maior parte declarou não ter participado das ações: 84%. Apenas 9% disseram ter atuado em protestos.

Quando questionados sobre o principal motivo que o levaria às ruas, a resposta mais frequente foi mais investimento em saúde, com 43% de citações. Em segundo lugar, aparece a luta contra a corrupção, com 35%. E, em terceiro, a reivindicação por melhorias na segurança pública, com 20%. A batalha contra a inflação aparece na quarta posição, com 16%.

O levantamento apurou ainda que 74% dos entrevistados acreditam que os governos federais e estaduais utilizam mal ou muito mal os recursos públicos. No caso das prefeituras, o porcentual é de 70%.

Impostos

Os entrevistados ainda se mostraram majoritariamente contra o aumento de impostos como forma de obter mais recursos para atender às reivindicações das ruas: 89% dos brasileiros discordam total ou parcialmente que, para melhorar os serviços públicos, é preciso reajustar tributos. De acordo com a pesquisa, 91% consideram que a carga tributária no Brasil é elevada ou muito elevada.

Os entrevistados afirmaram ainda que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), imposto estadual, é o tributo que mais afeta o orçamento familiar. A opção foi escolhida por 32% das pessoas.

Apenas um governador se "salvou"

Das agências

Dos 11 governos estaduais avaliados pelo Ibope, apenas um obteve índice de aprovação de seu governo acima de 50% – o que demonstra que a onda de insatisfação atingiu todos os governantes de um modo geral (veja os índices obtidos pelos governadores no infográfico desta página). Os parlamentares também foram mal avaliados. As respostas que a Câmara dos Deputados e o Senado deram para atender às reivindicações das ruas foram totalmente aprovadas por apenas 7% dos brasileiros, segundo a pesquisa Ibope divulgada ontem.

A gestão estadual mais bem avaliada foi a do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Seu governo é aprovado por 58% dos pernambucanos. O resultado mostra que Campos, pré-candidado ao Palácio do Planalto, por ora é um nome viável à sucessão de Dilma Rousseff na Presidência.

O pior governo estadual, segundo o Ibope, é o do Rio de Janeiro – estado onde os protestos têm sido mais frequentes. Apenas 12% dos moradores do Rio consideram o governo de Sérgio Cabral ótimo ou bom.

  • Dilma: popularidade despencou após protestos

Pesquisa Ibope divulgada ontem mostra que a onda de insatisfação popular demonstrada pelas manifestações de rua atingiu o governador Beto Richa (PSDB). Segundo o levantamento, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), menos da metade dos paranaenses aprova o governo do Paraná. A pesquisa mostra que 41% dos eleitores do estado consideram que a atual gestão é ótima ou boa – avaliação em que se considera que uma administração é aprovada. Esse patamar de aprovação acende o sinal de alerta para a reeleição de Richa em 2014. Estudos indicam que governantes com avaliação positiva em torno de 40% dificilmente se reelegem.

INFOGRÁFICO: Confira como está a aprovação de Dilma e Beto

Apesar da aprovação abaixo dos 50%, o governo Richa é o segundo mais bem avaliado entre as 11 administrações estaduais que foram alvo da pesquisa. O Ibope também mostra que 52% dos entrevistados aprovam a maneira pessoal como como Richa governa o estado.

Há cinco meses, outra pesquisa Ibope também avaliou a maneira como Richa administra o estado. Naquela ocasião, em fevereiro, ele era aprovado por 73% dos paranaenses – uma queda, portanto, de 21 pontos porcentuais.

A pesquisa divulgada ontem revela também que Beto Richa inspira confiança para 44% dos eleitores. E que 73% acreditam que ele e seus secretários utilizam os recursos públicos mal ou muito mal. O Ibope não divulgou dados da desaprovação do governo nem o porcentual dos paranaenses que consideram a atual gestão regular, ruim e péssima. A pesquisa ouviu 602 eleitores paranaenses de 9 a 12 de julho de 2013 e tem margem de erro de até 4 pontos porcentuais para mais ou para menos.

Análise

Para o cientista político Emerson Cervi, da UFPR, os resultados da pesquisa CNI-Ibope mostram uma das piores avaliações do governo do estado nos últimos anos. "A aprovação dos oito anos de governo do [Roberto] Requião ficava em torno de 55% e 60%. Nunca baixou disso", disse.

Segundo Cervi, o que pode ter motivado a queda na taxa de aprovação é a frustração das expectativas dos eleitores, tanto no âmbito federal como estadual. "Temos expectativas frustradas de maneira geral com os governadores brasileiros. É uma questão conjuntural."

Reeleição ameaçada

A pesquisa Ibope divulgada ontem mostra que se a eleição para o governo do estado fosse hoje, Beto Richa poderia ter grande dificuldade para se reeleger. Estudo realizado pelo sociólogo Carlos Alberto Almeida, com base em um histórico de eleições brasileiras, indica que governantes com mandatos avaliados como ótimos e bons por 40% dos eleitores – patamar de Richa atualmente – dificilmente são reeleitos. A zona de conforto para se ganhar uma reeleição, segundo o estudo, é de 55% de ótimo e bom, para cima.

Cervi pondera, no entanto, que é preciso considerar quais seriam os demais envolvidos na disputa ao Palácio Iguaçu para dizer que a reeleição de Richa está ameaçada. "Não dá para chegar à intenção de voto apenas com a avaliação do governo. O governo pode estar ruim, mas se o desafiante não for tão confiante quanto o atual governador, não vai receber o voto. Isso [a conclusão do estudo de Almeida] faz sentido a partir do momento em que um candidato forte entra na disputa. Aí sim, um governo mal avaliado tem maior dificuldade de ser reeleito", explica Cervi.

Avaliação positiva do governo Dilma cai para 31%

Agência Estado

As manifestações de junho foram fundamentais para a queda acentuada da popularidade da presidente Dilma Rousseff e apenas a melhora do desempenho da economia poderá garantir alguma recuperação, mas não aos patamares anteriores. A avaliação é de Renato da Fonseca, gerente-executivo da pesquisa CNI-Ibope. A aprovação de seu governo despencou de 63% em março para 31% na pesquisa divulgada ontem – principalmente após os protestos. O índice de entrevistados que consideram o governo federal regular subiu, no período, de 29% para 37%.

Para Fonseca, o retorno da inflação foi o "gatilho" da queda da popularidade e as manifestações trouxeram à tona problemas que já vinham sendo reclamados pelos entrevistados em levantamentos anteriores. "As insatisfações vão se acumulando até o momento em que as pessoas explodem", disse ele.

Não foi à toa que a saúde, educação e segurança – áreas que se destacaram nas reivindicações das ruas – aparecem na pesquisa Ibope com as piores avaliações da população. O transporte público foi considerado como de baixa qualidade por 73% dos brasileiros. Os serviços hospitalares foram mal avaliados por 87%, mesmo índice da segurança pública.

Crise do mensalão

Comparando a crise enfrentada hoje por Dilma com o pior momento vivido pelo ex-presidente Lula, em 2005, no escândalo do mensalão, Fonseca diz que a diferença está no crescimento econômico registrado naquele período – ao contrário do cenário de 2013. "É possível recuperar [a popularidade de Dilma]. Vai depender da evolução das condições econômicas, que não vão bem", aposta ele.

Passada as manifestações, que ganharam destaque na sociedade mais do que qualquer outro noticiário e reforçaram um sentimento de insatisfação generalizada, a tendência é haver recuperação da avaliação positiva ou estabilização dos números, avalia Fonseca. Mas ele afirma que não há perspectiva de que os índices voltarão aos patamares anteriores. Segundo Fonseca, enquanto a inflação estiver corroendo os salários e houver registro da queda do nível de emprego, o cenário para a presidente Dilma tende a ser negativo.

A pesquisa nacional do Ibope-CNI ouviu 2.002 entrevistados em todas as regiões brasileiras. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

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