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Graça Foster: rombo de R$ 88 bilhões tornou situação da presidente da Petrobras insustentável | Tomaz Silva / Agência Brasil
Graça Foster: rombo de R$ 88 bilhões tornou situação da presidente da Petrobras insustentável| Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

Levy, Tombini e Nelson Barbosa buscarão nomes no mercado

Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foram incumbidos de buscar no mercado nomes que possam compor o Conselho de Administração da Petrobras, mas os grandes executivos do país relutam em aceitar qualquer cargo até a aprovação das contas da empresa por uma consultoria externa.

A presidente Dilma Rousseff não deve mais designar ministros para o conselho de administração. Interlocutores do Palácio do Planalto afirmam que a avaliação da presidente é que a empresa precisa de nomes do setor privado. A prioridade é dar à Petrobras o distanciamento necessário do governo para que ela resgate a credibilidade perdida em função do escândalo da operação Lava-Jato.

Levy não chegou a ser convidado para a presidência do conselho, que hoje é ocupada por seu antecessor, Guido Mantega. No entanto, tem dito dentro do governo que não gostaria de ir. Ele está entre os que acreditam que a Petrobras precisa de nomes de mercado.

"A fase dos ministros na Petrobras está encerrada", disse um integrante da equipe econômica.

Não será uma tarefa fácil. A Petrobras já informou que ainda não sabe exatamente o tamanho do rombo causado pelos casos de corrupção. O balanço da empresa referente ao terceiro trimestre de 2014 foi publicado na madrugada de quarta-feira passada sem ter sido auditado. E a estatal informou que R$ 88,6 bilhões de 31 de seus ativos foram superavaliados, com indícios de sobrepreços, o que pode mostrar o custo de parte das irregularidades. Tudo isso afasta nomes bem cotados.

"Ninguém quer sentar naquela cadeira para responder por algo do qual não participou e do qual não sabe todos os detalhes", disse a fonte do governo.

O mais provável é que Dilma não faça mudanças no conselho de administração até que o problema do balanço esteja resolvido. A ideia é que, até lá, Mantega e a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior continuem no conselho da estatal com a missão de defender o governo.

Mantega e Miriam Belchior podem ser mantidos no conselho

O Planalto teme que a PricewaterhouseCoopers (PwC), que audita o balanço da Petrobras e ainda não quis dar o aval ao balanço, coloque o rombo de R$ 88 bilhões na conta do governo.

Segundo uma fonte do Planalto, a tendência é que a presidente Dilma Rousseff mantenha os ex-ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) no conselho de administração da estatal, com a missão de defender o governo. "Os R$ 88 bilhões incluem uma série de outras coisas sem relação com a Lava Jato, como, por exemplo, erros de cálculos de projetos básicos", afirmou a fonte. "Mantega e Belchior ficarão para não deixar que a PwC coloque o rombo todo na conta do governo."

A presidente Dilma Rousseff se reuniu com a presidente da Petrobras, Graça Foster, nesta terça-feira (3), e reafirmou o acordo de que Graça e todos os diretores da Petrobras deixarão os cargos em março, logo depois a reunião do Conselho de Administração da empresa onde será apresentado o balanço financeiro referente a 2014.

Após o encontro no Planalto, já no aeroporto de Brasília, Graça foi lacônica ao embarcar de volta para o Rio. "A reunião foi boa, como sempre", afirmou. Indagada se estava deixando a estatal, não respondeu e apenas sorriu.

Perda bilionária

A cifra de R$ 88 bilhões de perdas anunciada semana passada levou Dilma Rousseff a admitir pela primeira vez a auxiliares que a saída de Graça da presidência da Petrobras é inevitável. O problema agora é o momento em que anunciará a decisão. De acordo com interlocutores da presidente, há grande pressão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para que a saída seja imediata, mas Dilma ainda reluta pela falta de um nome compatível com o cargo:

"Não está se falando do ministério dos Portos, mas da maior empresa do país", justificou um ministro.

Dilma vinha resistindo à ideia de tirar Graça do cargo. Na semana passada, no entanto, em reunião do conselho político, no Palácio da Alvorada, Dilma sinalizou que havia mudado de opinião. Mercadante passou então a agir para apressar a saída de Graça, apesar da cautela da presidente, que não quer deixar a estatal sem comando. Além da pressão de Lula, de Mercadante e de parte da equipe econômica, Graça vem pedindo sistematicamente a Dilma para sair do comando da estatal.

"Limpando a cena do crime"

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta terça-feira que a manutenção de Graça Foster na presidência da Petrobras foi útil, até o momento, para que a presidente Dilma Rousseff pudesse se "anistiar de suas responsabilidades".

"Certamente ser amigo da presidente da República, hoje, é muito pior do que seu adversário. O que ela fez com a presidente Graça Foster não se faz com um inimigo", disse o tucano. "Permitiu que assumisse um desgaste enorme nesse último período, como isso pudesse defendê-la, ou anistiá-la das suas responsabilidades. E no momento em que fica insustentável a presença da Graça Foster, ela anuncia ou pelo menos sinaliza com a sua saída".

Na avaliação do senador, Foster permaneceu no comando da estatal para "tentar limpar a cena do crime".

CPI mista

A oposição iniciou a coleta de assinaturas para instalar uma nova CPI mista (com deputados e senadores) para investigar a estatal. Aécio disse que a comissão de inquérito é necessária para fazer uma ampla investigação do esquema de corrupção na estatal.

O senador José Serra (PSDB-SP) afirmou que Graça deveria ter se afastado do comando da Petrobras desde as primeiras denúncias de corrupção. "Não digo que ela é culpada, não sei o seu grau de responsabilidade. Mas o ideal é trocar toda a diretoria e colocar gente profissional", afirmou.

Protesto

Cerca de 50 pessoas estiveram na tarde desta terça na frente do prédio onde mora a presidente da Petrobras, Graça Foster, em Copacabana, no Rio. Os manifestantes cobravam a demissão da executiva e sua responsabilização pelas irregularidades cometidas na empresa.

Com panelas e cartazes, o grupo se mobilizou pela internet. Seus integrantes disseram não ter ligações com partidos políticos e entidades organizadas. Em discursos feitos na calçada do edifício, na rua Bolivar, manifestantes criticaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT e pediram o impeachment de Dilma Rousseff.

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