Cenário indica que PT, de Dilma e Lula, poderá ter dificuldades para eleger prefeitos em grandes cidades| Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

A cúpula do PT tem uma preocupação especial para a disputa eleitoral do ano que vem: as cidades grandes. A avaliação interna é que o impacto da crise que atinge o partido, causada pelo envolvimento de integrantes da sigla em escândalos de corrupção e pelo desgaste do governo Dilma Rousseff, influenciam mais os eleitores desses municípios do que os das pequenas cidades, onde prevalecem as questões locais.

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Para tentar atenuar esse cenário desfavorável, o partido pretende pôr as campanhas nas ruas o mais rapidamente possível.

O PT comanda 15 das 83 prefeituras do país onde as eleições são disputadas em dois turnos (cidades com mais de 200 mil eleitores). Vivem nesses municípios 15,1 milhões de eleitores.

A preocupação principal é com seis dos 15 municípios onde o prefeito já está no segundo mandato e não pode tentar nova reeleição. Decidir rapidamente um candidato é considerado fundamental para aumentar as chances de manter o comando dessas cidades.

Uma eventual perda de prefeituras em municípios grandes enfraqueceria o partido para a disputa presidencial de 2018, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode tentar voltar ao Palácio do Planalto.

Os planos petistas de antecipar o planejamento para as eleições municipais, porém, sofreram um revés com a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de abrir o processo de impeachment contra Dilma.

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“Estamos concentrando a nossa energia nessa luta contra o golpe”, admite o secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, um dos encarregados de monitorar as articulações das candidaturas pelo país.

A expectativa é que a batalha do impeachment se arraste, pelo menos, até março, mês que o Diretório Nacional do PT reservara para realizar a conferência que definirá a tática eleitoral e a política de alianças.

“Teremos que nos concentrar nas eleições também. Vai ter eleição independentemente de qualquer coisa”, frisa Florisvaldo, ao ser questionado sobre o prolongamento do processo.

Debandada de prefeitos

Há dúvida ainda sobre como o eventual impeachment de Dilma pode influir no pleito:

“A questão do impeachment é um tema nacional e não vai intervir nas eleições municipais porque, nessas disputas, você faz o debate local”, minimiza Cida de Jesus, presidente do PT de Minas Gerais, onde a sigla comanda só uma cidade com mais de 200 mil eleitores: Uberlândia.

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O PT terá outro problema para administrar em março: o risco de saída de prefeitos. Com a aprovação da reforma política, o prazo para mudança de partido para quem quer disputar as eleições municipais passou a ser o começo de abril. A legenda já sofreu uma baixa em cidades grandes, em setembro, quando Luciano Cartaxo, de João Pessoa, trocou o PT pelo PSD. Ele alegou “escândalos políticos” como justificativa. A capital da Paraíba tem 460 mil eleitores.

Com Cartaxo, deixaram o PT de João Pessoa dois vereadores e o presidente municipal do partido, Lucélio Cartaxo, irmão do prefeito, o que desestruturou o partido na cidade.

“Vamos disputar a eleição contra ele (Luciano Cartaxo), com uma candidatura do PT ou com aliança”, garante Florisvaldo.

A saída de Cartaxo enfraquece o partido no Nordeste. Agora, a o PT comanda só uma cidade com mais de 200 mil eleitores na região: Vitória da Conquista (BA) — onde o prefeito Guilherme Menezes não pode tentar a reeleição. A avaliação interna é que a disputa na cidade será acirrada.

O presidente do PT da Bahia, Everaldo Anunciação, aposta nos temas locais para manter o comando do município, mas reconhece:

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“Nas cidades grandes, é claro que a conjuntura nacional tem um impacto maior”, diz.

O PT tem outro problema: a maioria das cidades grandes administradas pelo partido está no estado de São Paulo, onde o desgaste da sigla é considerado maior. São oito prefeituras paulistas com mais de 200 mil eleitores, incluindo a capital do estado, administrada por Fernando Haddad. Em cinco, o prefeito poderá tentar a reeleição.