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Balsa Nova – Com medo de um confronto com policiais, os cerca de 25 integrantes do Movimento dos Usuários das Rodovias do Brasil (Murb) se anteciparam ao cumprimento do mandado de reintegração de posse e, às 18h45 de ontem, saíram pacificamente da praça de pedágio da BR-277, em São Luís do Purunã, três dias depois da invasão. Logo após, os funcionários da concessionária Rodonorte, que administra a praça, entraram nas cabines e voltaram a cobrar as tarifas de pedágio normalmente.

A desocupação ocorreu após a decisão do juiz federal Mauro Spalding, que determinou a intervenção das polícias Federal e Rodoviária Federal para desocupar o local, administrado pela Rodonorte. A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovia (ABCR) recorreu ao foro federal em função da suposta lentidão do governo do estado em cumprir a reintegração de posse autorizada pelo juiz Francisco Carlos Jorge, da 3.ª Vara Civil de Ponta Grossa.

Surpreendentemente, o juiz Francisco Jorge emitiu um despacho ontem, ordenando a prisão em flagrante delito do secretário de Segurança Pública do Paraná (Sesp), Luiz Fernando Delazari, e do comandante geral da Polícia Militar, coronel David Pancotti.

O juiz entendeu que por ter sua ordem de reintegração de posse ignorada houve "desrespeito à requisição do Judiciário", configurando a quebra do estado democrático de direito. Desde quarta-feira, dia que a Rodonorte conseguiu na Justiça a ordem de reintegração, a Sesp informava que, como não havia recebido a notificação oficial da Justiça, não poderia fazer a desocupação.

A Sesp informou que o secretário, por enquanto, não iria se pronunciar sobre o pedido de prisão até tomar ciência do teor da decisão judicial.

Inquérito

Em outra decisão, o juiz Spalding determinou a instauração de inquérito policial pela PF para apurar eventual crime de quadrilha, desobediência ou qualquer outro ato ilícito penal. A investigação deve identificar quem são os líderes do movimento que levou à invasão da praça de pedágio. A ABCR acusa o governo do estado de fazer vista grossas à invasão. A assessoria do Palácio Iguaçu negou qualquer participação do governo do Paraná na ocupação da praça de São Luís do Purunã.

Com a notícia de que a Polícia Federal estava a caminho, os manifestantes retiraram as bandeiras em São Luís do Purunã e foram embora. "Mostramos que nosso movimento é pacífico e decidimos sair para não acontecer nada a nenhum manifestante", declarou o coordenador do Murb, Acir Mezzadri, que estava na praça de pedágio no momento da desocupação. Mezzadri e outros líderes ainda discursaram em um carro de som para os poucos integrantes do movimento. No final das contas, a polícia nem chegou a ir ao local.

Para o coordenador do Murb, a ameaça de ocupar outras praças de pedágio do Paraná continua. "O movimento vai seguir e em questão de tempo estaremos em outras praças, protestando contra os preços cobrados para trafegar pelas rodovias do estado", afirmou. Mesmo após ser impedido de estar em praças de pedágio em função de uma interdito proibitório (decisão da Justiça), Mezzadri declarou que continuará a frente de novas manifestações. "As estradas são do povo e não das concessionárias", disse.

Durante todo o dia de ontem, os integrantes do Murb pararam todos os carros para que os motoristas participassem de um abaixo-assinado contra as tarifas praticadas pelas concessionárias. A intenção do movimento é entregar as cerca de 3 mil assinaturas ao Ministério Público e pedir na Justiça que o preço do pedágio abaixe.

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