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Em mais um capítulo da crise que pôs de joelhos a Cidadela S/A, um terreno da construtora no bairro Novo Mundo, em Curitiba, se tornou palco de uma disputa opondo condôminos dos apartamentos que foram concluídos e cerca de 40 famílias que se preparam para ocupar uma parte da área não construída pela empresa.

Segundo a Regional Portão da Prefeitura Municipal de Curitiba, a Cidadela tem projeto aprovado para a construção de vários blocos de apartamentos no terreno de cerca de 25 mil metros quadrados delimitado pelas ruas Pedro Gusso, Afif Mansur, Primo Lourenço Tozin e Olga Araújo, nos fundos da Escola Estadual Yvone Pimentel. Entretanto, foram construídos e entregues de fato, em média, dois conjuntos de apartamentos em cada uma das três subdivisões da área – quando cada uma deveria conter pelo menos seis blocos. Ou seja, aproximadamente 10 mil metros quadrados da área permanecem vazios.

"Os moradores que receberam os seus apartamentos obtiveram nova inscrição na Secretaria Municipal de Urbanismo, mas na área remanescente a Cidadela acumula desde 1997 um débito de cerca de R$ 350 mil referente ao IPTU", informou Fernando Guedes, administrador da regional Portão. "A prefeitura fez o que lhe cabia, notificou a construtora (notificação 31952 de 30/03/06) e aguarda a cobrança judicial do valor, além de ter alertado a empresa sobre o risco de invasão iminente."

Como a parte vazia do terreno não foi cercada, a ocupação na prática já começou. Há cerca de 20 dias, representantes das famílias cadastradas na região capinaram a área e construíram um casebre de madeira, onde afixaram uma faixa com os dizeres "Sede da Associação de Moradores Yvone Pimentel". Além de servir de moradia improvisada para um rapaz que está "tomando conta" da área, a casa seria utilizada para negociar os futuros lotes.

"Não pretendemos invadir essa área, estamos correndo atrás do procedimento na prefeitura para ocupar o terreno dentro da legalidade, nos comprometendo a pagar a dívida deixada pela Cidadela", disse o representante das famílias, Sérgio Silva Flores. "Já tentaram nos tirar daqui antes, mas conversamos com a polícia e explicamos que estamos com um pedido na Justiça para regularizar a situação." Porém, Flores não mostrou nenhum documento que comprovasse esse pedido.

Ele alega que a "sede" foi feita exatamente para evitar a invasão do terreno, que permanece aberto. "Cadastramos famílias de trabalhadores que a gente conhece. Não queremos pessoas indesejadas, não vamos deixar pôr lona preta e isso aqui não vai virar favela", garante. "Temos projeto do Cefet para construir casas sociais de 45 metros quadrados para 40 famílias que estão precisando."

Por outro lado, moradores do condomínio Nova Itália (os prédios que foram construídos) reclamam para si o direito sobre a área e acusam o pessoal da "associação" de ocupar o terreno à força. "Disseram para ninguém daqui chegar perto, que eles vão meter bala", relatou a moradora Carla Inês Bardal Sória Alves. "Mas estamos pagando uma grana extra no condomínio para a ação de reintegração de posse." Entretanto, também não foi mostrado nenhum documento sobre a tal ação para a reportagem.

Para a prefeitura, trata-se de um litígio numa área particular: "É uma disputa entre a Cidadela, os moradores e compradores em potencial e cabe à Justiça determinar os limites da área", resume Guedes. "Porém, a sede da ‘associação’ e a ocupação são irregulares."

A Gazeta do Povo tentou entrar em contato, na sexta-feira, com a construtora Cidadela, mas os telefones disponíveis não estavam funcionando.

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