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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o empresário Victor Sandri - dono da chácara em Ibiúna, no interior de São Paulo, assaltada por criminosos na terça-feira de carnaval - não prestaram queixa à polícia. O fato, segundo policiais, dificultou as investigações e acabou favorecendo os criminosos.

De acordo com reportagem do jornal O Globo, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, telefonou para o ministro na quarta-feira de Cinzas, quando então Mantega confirmou, na chácara onde estava hospedado, ter ficado na mira de bandidos por cerca de quatro horas. Marzagão, segundo fontes policiais, foi acionado pelo governador José Serra, que ficou sabendo do assalto por amigos do ministro.

Segundo o delegado geral de polícia de São Paulo, Mário Jordão, em nenhum momento, o ministro e os proprietários do imóvel foram agredidos. Apesar do assalto ter ocorrido na terça-feira, o fato só foi divulgado nesta sexta-feira. Mantega agora é mais uma das autoridades vítimas da violência no estado de São Paulo.

Segundo o delegado, três homens armados renderam o caseiro e entraram na residência por volta das 22h. Eles estavam armados e encapuzados. Foram roubados uma quantia em dinheiro, jóias e uma ou duas armas do proprietário da casa. Os criminosos não tinham conhecimento que, no local, estava um ministro de estado. Na residência, estavam Mantega e sua mulher e o empresário Vitor Sandri com a esposa e os filhos. Os assaltantes não sabiam dirigir e fizeram o empresário pegar o carro e deixá-los em uma estrada em um bairro próximo, afirma Jordão.

A região é basicamente formada por chácaras e tem constantes assaltos. Segundo Jordão, nos últimos meses, pelo menos quatro roubos a chácaras ocorreram na região. O ministro Mantega prestou esclarecimentos à polícia apenas nesta sexta-feira. Os outros quatro assaltos registrados têm as mesmas características.

A polícia prendeu nesta sexta-feira três homens acusados do assalto. Todas já foram identificadas por proprietários de outras chácaras. Os três foram transferidos para a cadeia de São Roque.

Segundo Jordão, o depoimento do ministro ainda não foi marcado porque as autoridades podem definir o dia e local para serem ouvidas. Jordão afirmou ainda que o ministro está tranqüilo, apesar de traumatizado, como ocorre toda vítima de assalto.

Mantega, que chegou a São Paulo na tarde desta sexta-feira, não quis falar sobre o assunto, segundo a assessoria.

Ibiúna é conhecida por ser o local escolhido por vários políticos para manter suas casas de campo. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um deles.

Não foi o primeiro incidente envolvendo o ministro, que mora em São Paulo. Em novembro de 2004, durante uma tempestade, uma árvore caiu e atingiu o carro de Mantega na Rua Fernão Cardim, no Paraíso. Na época, ele era ministro do Planejamento. No veículo estavam o motorista, a babá e o filho de Mantega, Marco, que tinha apenas 3 anos. Os três foram retirados pelo Corpo de Bombeiros sem ferimentos, apesar dos estragos no automóvel.

A invasão da chácara onde o ministro estava hospedado chama atenção para a falta de segurança em Ibiúna. O empresário Mário Sérgio Menezes Garcia, de 53 anos, herdeiro da rede Kalunga, foi mantido em um cativeiro na cidade. Ele havia sido seqüestrado por 12 criminosos no dia 17 de dezembro, quando chegava com sua mulher num haras em São Roque. O cativeiro foi improvisado numa clareira aberta em um matagal, no limite entre os dois municípios. Ele passou sete dias de horror até o pagamento do resgate.

Garcia foi submetido a torturas psicológicas: teria de cavar a própria cova se sua família não pagasse o resgate. Duas pessoas foram presas e acusadas pelo seqüestro. Entre os presos, uma professora que prestava serviços ao Instituto Médico Legal de Cotia, na Grande São Paulo, e um homem identificado como Cléber Gomes Lisboa, o Zóio.O mentor do crime, identificado como Roberto Paulo Bezerra, o Bezerrão, teve prisão decretada pela Justiça, mas continua foragido.

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