O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, afirmou nesta sexta-feira (9), ao ser indagado sobre a dimensão do esquema que ficou conhecido como mensalão, investigado pela Corte, que "o que está submetido ao STF é talvez um pequeno porcentual do que ocorreu". Na avaliação de Mendes, mesmo assim há "uma fartura de provas, como raramente se tem", no processo e foi criada uma "lenda urbana" de que não havia provas suficientes para condenar os réus.

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Mendes, que participa em São Paulo de um evento da Escola da Advocacia Geral da União (EAGU), admitiu que o julgamento do processo no STF - na fase de dosimetria de penas - não deve terminar antes da aposentadoria do presidente da Corte, Ayres Britto. Ele deixará a casa compulsoriamente no dia 18, após completar 70 anos. "Nós temos só duas sessões e, por milagre, pode ocorrer (o fim do julgamento)", ironizou. A expectativa de Mendes, contudo, é que o julgamento termine ainda este ano.

Passaportes

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Questionado sobre as críticas feitas pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, sobre a retenção de passaporte dos condenados no processo, Mendes defendeu a decisão, tomada pelo ministro relator Joaquim Barbosa, e defendeu a cautela adotada pelo colega. "Até porque o juiz que conduz o processo depois fica com a responsabilidade sobre esse tema", afirmou o ministro.

Mendes citou como exemplo o caso do médico Roger Abdelmassih, a quem ele próprio concedeu uma liminar para que pudesse em recorrer em liberdade da condenação por estupro e atentado violento ao pudor. Abdelmassih fugiu no início de 2011, segue desaparecido e procurado pela Interpol e supõe-se que ele tenha saído do País.

Ainda sobre as manifestações de Dirceu acerca de um possível cerceamento da liberdade de expressão e sobre a realização de um julgamento político do STF, Mendes rebateu: "não há nenhum julgamento político, o julgamento tem sido extremamente cuidadoso. Raramente vai haver um caso examinado com tanto cuidado", concluiu.

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