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Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) faz seu primeiro discurso como presidente da Câmara dos Deputados | Reuters/Ueslei Marcelino
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) faz seu primeiro discurso como presidente da Câmara dos Deputados| Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Quatro décadas no Congresso moldaram novo presidente

Reuters

O novo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), é, para o bem ou para o mal, um produto do Parlamento. Moldado por 42 anos de altos e baixos, tem ao menos uma ambição no comando da Casa: tornar o Legislativo menos submisso aos demais Poderes.

Essa larga experiência é boa para o governo, que terá no comando da Câmara um aliado que sabe tomar o pulso da Casa e identificar qual a melhor estratégia a ser adotada nas votações. Mas essa mesma experiência e o desejo de tornar o Legislativo um Poder menos acessório são fontes de preocupação para os articuladores políticos do Palácio do Planalto.

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Eleito no início da tarde desta segunda-feira (4) para presidir a Câmara dos Deputados pelos próximos dois anos, o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) adotou um discurso semelhante ao do colega de partido Renan Calheiros (AL), mas obteve uma votação mais apertada à alcançada pelo correligionário na sexta-feira passada (1º). Henrique Eduardo Alves conseguiu 271 votos dos 497 deputados federais presentes à sessão, o que corresponde a 54 52% do total. Renan Calheiros, por sua vez, registrou o apoio de 56 dos 78 senadores, ou seja, 71,79%.

Alvejada por denúncias no último mês, a dupla vai comandar a pauta de votações do Congresso pelos próximos dois anos. Com plataformas e atitudes parecidas, os dois afirmaram que vão atuar de forma independente em relação ao Executivo e, apesar das acusações que pesam contra si, fizeram questão de se proclamarem favoráveis à liberdade de imprensa e de expressão.

Renan Calheiros foi denunciado há duas semanas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por peculato (desvio de dinheiro público), uso de documento falso e falsidade ideológica. Renan é acusado de não ter patrimônio suficiente para bancar as despesas que teve de um relacionamento extraconjugal.

Na época do surgimento do escândalo, em 2007, o senador do PMDB renunciou à Presidência do Senado para não ter o mandato parlamentar cassado. Antes da eleição, Renan Calheiros acusou Gurgel, em nota, de ter feito uma denúncia "nitidamente política". Porém, não se pronunciou sobre os detalhes da ação criminal do procurador-geral reveladas no dia da eleição.

Henrique Eduardo Alves é acusado, entre outros fatos, de enriquecimento ilícito pelo Ministério Público Federal em Brasília por supostamente manter US$ 15 milhões em contas não declaradas no exterior. Essa suspeita veio à tona em 2002 e o levou a abdicar da indicação de candidato a vice-presidente na chapa do tucano José Serra. Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo no dia 13 de janeiro revelou que o deputado conseguiu na Justiça adiar uma decisão sobre a quebra do seu sigilo bancário.

No seu discurso antes de eleito, o novo presidente da Câmara afirmou que no último mês quiseram construir um novo Henrique com a publicação das reportagens. "No mês eleitoral, quiseram rediscutir o Henrique, quiseram refazer o Henrique, construir outro Henrique", disse. Ele ressalvou que essas denúncias não chamuscam o alicerce que ele construiu em sua vida e defendeu a liberdade de imprensa.

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