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Num momento em que a reforma ministerial caminha para sua conclusão, problemas surgem na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Denúncias de irregularidades na campanha eleitoral do senador Alfredo Nascimento (PR-AM) e na maneira como o PR atrai a filiação de deputados colocam a indicação do quase ministro dos Transportes em xeque e o partido na berlinda.

A campanha de Nascimento ao Senado é suspeita de ter falsificado documentos fiscais, comprado votos e ter cometido crime de abuso do poder econômico. Segundo a revista "IstoÉ", existem três processos contra o senador, em um deles o Ministério Público o acusa de "captação ilícita de sufrágio". Os outros dois processos são movidos por adversários no estado, o pefelista Pauderney Avelino e o peemedebista Gilberto Mestrinho.

"O presidente gosta de trazer gente para o ministério sem ver currículo nem folha corrida. Mas a oposição vai fiscalizar", disse o líder da minoria na Câmara, Júlio Redecker (PSDB-RS). O presidente Lula tem uma reunião agendada com Nascimento na segunda-feira (26) na qual deverá formalizar o convite ao Ministério dos Transportes. Ex-prefeito de Manaus, ele comandou a pasta de 15 de março de 2004 a 31 de março de 2006.

O crescimento da bancada do PR na Câmara também deixou em alerta os oposicionistas. O PL e o Prona, os dois partidos que deram origem ao PR, elegeram juntos 25 deputados, hoje o Partido da República conta com uma bancada de 40. Nos bastidores, comenta-se que o partido oferece cargos no Ministério dos Transportes e facilidade na liberação de emendas da pasta.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), acusa o governo de lotear a Esplanada dos Ministérios para compor maioria no Congresso. Segundo ele, a indicação para um cargo no primeiro escalão deve ser acompanhada de projetos relevantes. "A adoção de outro critério deixa vulnerável o governo e a República", afirma.

Apesar disso, parlamentares parecem estar de mãos atadas para investigar as supostas irregularidades nas filiações. "Cabe a nós da oposição encontrar provas de que há um ilícito sendo cometido. Esse movimento do PR parece muito com o mensalão. Mas é difícil fazer uma investigação sem provas. Mesmo quando tínhamos provas, como era o caso da CPI do Apagão Aéreo, a gente não conseguiu investigar", disse o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).

Outro lado

O líder do PR na Câmara, deputado Luciano Castro (RR), tem outra explicação para o troca-troca, que já beneficiou seu partido com 15 novas filiações. Segundo ele, por ser um partido novo, em fase de estruturação, o PR atrai os parlamentares sem espaço nas suas legendas.

"Eles estão interessados no controle dos diretórios dos seus redutos eleitorais", garante, citando o caso da deputada Tonha Magalhães, que deixou o PFL da Bahia para integrar o PR. A deputada estaria de olho no diretório do município de Candeias, sua base eleitoral.

Luciano Castro acrescenta que os parlamentares ficam sem espaço de atuação nos estados controlados por caciques como o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (PFL-SC). "O sujeito está engessado há quanto tempo?", questiona, numa referência ao deputado Nelson Goetten, que deixou o PFL de Santa Catarina.

Para o líder do PR, fundo partidário e tempo de TV também contam. "Isso é mais forte que qualquer coisa". Luciano Castro também saiu em defesa do senador Alfredo Nascimento. Segundo o líder, nenhum processo movido contra o senador prosperou, ou seja, chegou ao Tribunal Superior Eleitoral. E completa: "Se o Alfredo Nascimento tivesse feito má gestão no primeiro mandato, as denúncias teriam estourado na campanha".

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