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Após ser cobrada publicamente por meio de uma notificação do ministro da Defesa, Waldir Pires, a estatal Infraero apresentou nesta segunda-feira um relatório no qual culpa a Aeronáutica pelo último apagão aéreo, provocado pelo fechamento do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), por 12 horas nos últimos três dias. Em meio a um denso nevoeiro, o equipamento que permite o pouso em dias sem visibilidade (ILS Categoria 2) estava desligado.

Segundo a estatal que administra os aeroportos do governo, o conserto, após a queda de um raio em 25 de fevereiro, foi feito no dia 28. Mas apenas na tarde de ontem a Força Aérea (FAB) homologou o sistema, e liberou o ILS — após ter marcado um teste para domingo e ter cancelado sem aviso prévio ou justificativa posterior.

O descompasso entre Infraero e Aeronáutica é mais um dos episódios de desarticulação dos órgãos que cuidam do setor aéreo. Com as últimas ocorrências — são cinco falhas técnicas ou operacionais só em março — setores do governo já admitem que a gestão da aviação civil saiu do controle, tanto na parte técnica quanto do lado dos controladores de vôo, que insistem numa operação-padrão sutil, com controle de fluxo de aviões.

Na Aeronáutica e em outros segmentos do governo, a avaliação extraoficial é que a Força não tem mais o mesmo pulso sobre controladores militares, ou seja, não pode punir e aplicar o regulamento para conter o problema da indisciplina porque podem faltar profissionais e o quadro se agravar. Além disso, os oficiais temem que uma prisão (punição para faltas graves) em massa seja o estopim para deflagrar uma greve. Sábado, foi solto o sargento da Aeronáutica Jonas Júnior de Araújo Teixeira, preso após denunciar as condições de trabalho dos controladores, informou o portal G1.

Segundo avaliação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), repassada a Pires, antes do acidente da Gol os controladores se esforçavam para contornar as dificuldades. Agora, "deixam quebrar", como nas duas panes seguidas no sistema de planos de vôos de Brasília e Curitiba. Os oficiais também não têm o que fazer quando o sistema é fechado, porque o número de aviões em tela supera 14 por profissional.

Nesta segunda-feira, o presidente da Infraero, Brigadeiro José Carlos Pereira, informou que o sistema ILS Cat 2 , que auxilia os pilotos nas operações de pouso e decolagem em casos de baixa visibilidade no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, voltou a funcionar. Pela manhã, aviões da FAB fizeram testes no sistema para garantir que não haja falhas.

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