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Onyx Lorenzoni esbraveja na CPI e acusa a presidente da Petrobras de mentir em depoimento | Edilson Rodrigues/ Agência Senado
Onyx Lorenzoni esbraveja na CPI e acusa a presidente da Petrobras de mentir em depoimento| Foto: Edilson Rodrigues/ Agência Senado

Comissão parlamentar

CPI pede indiciamento de 52 pessoas, mas poupa políticos

A CPI mista da Petrobras aprovou ontem o relatório do deputado Marco Maia (PT-RS). Com a presença de deputados e senadores da base aliada, o parecer foi aprovado por 19 parlamentares e com a objeção de oito membros da oposição. O relatório de Maia sofreu modificações e, na nova versão, o petista pediu o indiciamento de 52 pessoas – o que não ocorria no primeiro texto – e confirmou prejuízo aos cofres da Petrobras na compra da refinaria de Pasadena (EUA). Apesar disso, o relatório não responsabilizou nenhum político nem a presidente da estatal, Graça Foster, pelos desvios e irregularidades na empresa. Em conversa com jornalistas, porém, Maia defendeu a saída da atual diretoria da Petrobras – incluindo Graça Foster. "Acho que a direção da Petrobras não tem mais condições, neste momento, políticas e até mesmo emocionais para continuar", disse o petista.

Apesar das mudanças, a CPI encerrou seus trabalhos sob protestos da oposição, que promete trabalhar para retomar as investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras no ano que vem. Em seu discurso, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) defendeu que a investigação seja reaberta e aborde indícios de irregularidades nos negócios da Petrobras na África e na Argentina. Ele ainda acusou Graça Foster de mentir ao Congresso e de acumular a diretoria internacional da estatal para "apagar impressões digitais de corrupção". "Em qualquer país sério, a presidente da companhia seria exonerada", declarou. O deputado oposicionista Carlos Sampaio (PSDB-SP) apresentou um relatório paralelo, que será encaminhado ao Ministério Público Federal. A reclamação da oposição é que a comissão teve dificuldades para investigar as denúncias por manobras do governo e de seus aliados. Ontem, por exemplo, os governistas atrasaram a reunião e na quarta-feira não deram quórum. A base conseguiu ainda anular a reunião da noite de anteontem em que a maioria da oposição caminhava para derrubar o parecer de Maia.

Já os aliados do governo insistiram que a atual administração da Petrobras investiga os casos de corrupção e acusou a oposição de promover o "terceiro turno" da sucessão presidencial. O líder da bancada do PT no Senado, Humberto Costa (PE), associou a ação da oposição ao inconformismo com a derrota de Aécio Neves (PSDB) na sucessão presidencial.

Os políticos envolvidos no esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato só serão investigados a partir de fevereiro. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por levar adiante os casos envolvendo autoridades com foro privilegiado, vai esperar a volta do recesso do Judiciário para encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) os pedidos de abertura dos inquéritos. O recesso começa amanhã e vai até 31 de janeiro, período em que a Justiça só funcionará em esquema de plantão.

A investigação dos políticos envolvidos no esquema é a nova frente da Operação Lava Jato, que já tem 39 réus na Justiça – dentre empreiteiros, operadores do esquema e ex-dirigentes da Petrobras. Estima-se que dezenas de parlamentares federais estavam envolvidos com o esquema de corrupção da Lava Jato. Os principais partidos com políticos envolvidos seriam o PT, PP e PMDB. Mas também haveria envolvidos de siglas da oposição, como o PSDB.

Desmembramento

Além do recesso do Judiciário, a espera para começar as investigações contra os parlamentares tem outro motivo: senadores e deputados envolvidos no esquema que não se reelegeram perdem o direito ao foro privilegiado a partir de fevereiro, quando começa a nova legislatura. Assim, a investigação a respeito da participação deles será remetida diretamente para a primeira instância judicial, não sendo necessário abrir inquérito no Supremo.

Janot havia informado anteriormente que, com a análise das delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, já havia elementos suficientes para pedir ao STF o "desmembramento" dos casos de autoridades com foro privilegiado. A expectativa é que o Supremo só julgue os políticos e não os outros envolvidos – ao contrário do que ocorreu, por exemplo, no processo do mensalão.

Habeas corpus

Oito réus da Lava Jato tiveram ontem seus habeas corpus negados pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região: o lobista Fernando Baiano e os dirigentes de empreiteiras Sérgio Cunha Mendes, Dalton Avancini, João Auler, Eduardo Hermelino Leite, Erton Medeiros Fonseca , José Aldemário Pinheiro Filho e Mateus Coutinho.

Youssef deixa o hospital

Delator da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef voltou ontem à carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba depois de nove dias internado.

Ele chegou à PF por volta das 14h30, escoltado.

Youssef estava no Hospital Santa Cruz. O doleiro é cardiopata, está desnutrido e, recentemente, teve um cálculo renal.

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