Brasília (AE) As investigações da CPI dos Correios e do Conselho de Ética da Câmara reuniram até agora depoimentos e documentos que deixam por um fio os mandatos de pelo menos 12 deputados. A lista inclui a elite da Câmara, com líderes de bancada, presidentes de partidos e duas estrelas do PT: José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil, e João Paulo Cunha, ex-presidente da Casa.
Acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de comandar o pagamento de "mesadas" a deputados da base aliada do governo, Dirceu já admitiu a vários parlamentares petistas que poderá perder o mandato e, assim como outros investigados, pensa na hipótese de renunciar, para não ser impedido de se candidatar nas eleições do ano que vem. Mas a cassação de mandato mais certa até agora é a do próprio Roberto Jefferson, por ter confessado o recebimento de R$ 4 milhões não declarados à Justiça Eleitoral, na campanha municipal do ano passado.
Nas duas últimas semanas, o surgimento de vários nomes de deputados e assessores que sacaram dinheiro das contas de Valério ou que receberam pagamentos de suas empresas complicou a situação de parlamentares como Carlos Rodrigues, conhecido como Bispo Rodrigues (PL-RJ). O deputado sempre negou qualquer envolvimento no esquema ou com Valério, mas documentos do Rural mostram que ele recebeu R$ 150 mil de uma das agências de publicidade do empresário, a SMPB. O colega de partido Vanderval dos Santos (SP) recebeu o mesmo valor, da mesma empresa, no mesmo dia 17 de dezembro de 2003.
A situação de João Paulo Cunha também se agravou com a revelação de que sua mulher, Márcia Milanesio, sacou R$ 50 mil da conta da SMPB no Rural. Outro deputado petista, Josias Gomes da Silva (BA), sacou pessoalmente R$ 100 mil. Todos negam ter sido beneficiados pelo esquema de Valério, mas ainda não apresentaram argumentos consistentes para o recebimento do dinheiro.
Saques das contas de Valério também comprometem o deputado José Janene (PR), líder do PP na Câmara e acusado por Jefferson de promover a distribuição das mesadas aos deputados aliados. Seu assessor, João Cláudio Genu, retirou R$ 850 mil. Outro importante líder do PP envolvido nas denúncias é o presidente do partido, Pedro Correia (PE).