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O deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE) desmentiu o advogado Kennedy Moura Ramos, também petista, que afirmou ter recebido um pedido dele para assumir ser o dono do dinheiro encontrado na mala e na cueca de José Adalberto Vieira da Silva, então assessor parlamentar do deputado. Vieira foi preso no aeroporto de São Paulo com R$ 200 mil numa maleta e US$ 100 mil na cueca.

Guimarães, Ramos e outros dois petistas tiveram um encontro de aproximadamente meia hora no domingo passado, num hotel da rede Pathernon em São Paulo. Um deles, segundo o deputado, teria perguntado: "Quem é o dono desse dinheiro? Quem vai assumir isso?".

Ramos, exonerado da função de assessor especial da presidência do Banco do Nordeste quando teve o nome envolvido no caso, foi a São Paulo a pedido de Guimarães, que participava da reunião do diretório nacional do partido. O deputado confirma que ao chamá-lo teria dito que o motivo da viagem seria uma razão de estado.

- Eu queria saber a origem desse absurdo. Um companheiro que estava presente (à reunião) perguntou quem iria assumir aquele dinheiro. Nada mais - disse Guimarães.

O deputado disse que preferiu que a conversa fosse pessoal temendo estar com os telefones grampeado. Ele não quis revelar os nomes das duas testemunhas do diálogo para preservá-los. Um deles, disse, além de pertencer aos quadros do partido, seria advogado.

Guimarães contou que Ramos saiu da reunião para encontrar-se com os advogados de José Adalberto e buscar informações. Daí em diante não teria dado mais notícias. Ramos foi a primeira pessoa a receber um telefonema do ex-assessor logo após ter sido preso e contatou com advogados em São Paulo para fazer o acompanhamento inicial do caso. Segundo ele, após pedir-lhe para assumir ser o destinatário do dinheiro, o deputado não atendeu mais seus telefonemas.

A versão de Guimarães contradiz a de Ramos. A amizade antiga deles ficou estremecida a partir das eleições passadas. No primeiro turno Guimarães apoiou a candidatura de Inácio Arruda (PT) e Ramos, a petista Luizianne Lins. Até uma expressão que Ramos atribuiu a Guimarães teria sido usada em outro contexto. O deputado disse que ao contatar por telefone um advogado de José Adalberto, pouco tempo depois da prisão, ficou aliviado ao saber que seu então assessor o livrou de qualquer responsabilidade. Segundo ele, ao ouvir aquilo, disse: "Graças a Deus".

O episódio trouxe prejuízos políticos ao deputado, que é irmão de José Genoíno. Ele renunciou o cargo de líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa do Ceará até o dia 31 de julho e pode ser chamado a dar explicações à Comissão de Ética do partido. O deputado disse que sequer contratou um advogado.

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