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O novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse nesta quinta-feira, em entrevista coletiva, que "se o preço de segurança for manter a fila nos terminais, ela será mantida".

- Fizemos no Brasil várias reformas em aeroportos, mas na perspectiva de comodidade dos usuários. Precisamos escolher nossas prioridades. Elas começam pelo decolar, trafegar para depois chegar à comodidade. Se o preço de segurança for manter a fila, ela será mantida. É o preço que pagamos pela segurança - disse Jobim, em entrevista coletiva.

Jobim afirmou ainda que ainda não tem definições sobre trocas no comando da Infraero, mas adiantou que "há uma possibilidade de mudanças". Também nesta quinta, o presidente da Infraero, José Carlos Pereira, afirmou que sai, sem traumas, se for preciso . Ele negou que faça diferença se um possível novo presidente da estatal for civil ou militar:

- Ser civil ou militar não importa. O que é importante é ser um gestor de fato - afirmou, prometendo uma decisão sobre a estatal até domingo.

O novo ministro afirmou também que, se for necessário, não hesitará em mudar o sistema de agência reguladora no setor aéreo, no caso, com a extinção da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Para Jobim, ocorreu um "erro no passado" com a universalização das agências, cujo conceito foi aplicado em todos os setores, "como se elas fossem cabíveis em todas as áreas".

- É preciso analisar mesmo se o perfil (da Anac) é o correto - afirmou Jobim, dizendo-se disposto a discutir com os parlamentares mudanças no sistema de agências reguladoras.

O ministro da Defesa disse também que, se a CPI do Apagão quiser a íntegra das caixas-pretas do avião da TAM acidentado em Congonhas, não há o que discutir, já que a prerrogativa está na Constituição. O vice-presidente da CPI da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cobrou nesta manhã pressa da Aeronáutica em fornecer as informações sobre o acidente com o Airbus da TAM.

Ministro afirma que será um maestro sob as ordens de Lula

Jobim garantiu o aporte de R$ 2 bilhões para enfrentar a crise no setor aéreo.

- Se este é o custo da segurança, vai haver. É uma questão de estabelecer prioridade. Vamos ter esses recursos - declarou.

O novo ministro afirmou que vai trabalhar como um "maestro", sob as ordens do presidente Lula.

- Isto aqui tem que funcionar como uma orquestra. A música e a composição são do presidente, e o maestro sou eu, sob suas as ordens . Precisamos reformular a política de governo, inclusive a política que vai gerir os orçamentos das diversas Forças - afirmou.

Jobim: 'Aja ou saia, faça ou vá embora'

Antes da entrevista, ainda na cerimônia de transmissão do cargo no Ministério da Defesa, Jobim afirmara que é hora de ação e de resultados. Citando o premier britânico Benjamin Disraeli (1804-1881) reforçou que é hora de ação, não de explicações.

- Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe, aja ou saia, faça ou vá embora. Vamos enfrentar os problemas que estamos vivendo na perspectiva de uma grande união nacional para mostrar ao povo brasileiro que é o nosso comandante e ao mundo que o Brasil veio para ficar e para ter voz. Não temos tempo para explicação, mas para constuir o futuro. Espero a compreensão de todos e, fundamentalmetne, ação, e ação só se registra com resultados.

Já o ex-ministro Waldir Pires, lamentou sua saída da pasta e disse que sai com um sentimento de frustração por não ter completado a missão assumida.

- Nunca é fácil o instante da despedida, sobretudo quando a missão que se teria necessariamente a cumprir iniciou-se e não logrou-se completa. Quando lhes digo adeus do Ministério da Defesa, tenho dentro de mim um sentimento que sufoca, de frustração, pelo temor do sonho interrompido - afirmou.

Jobim prometeu enfrentar a crise aérea na perspectiva de uma grande união nacional e de integrar efetivamente as Forças Armadas ao Estado brasileiro. Dirigindo-se aos militares, Jobim disse que os comandantes terão nele um aliado "que precisa ouvir não e saber dizer não".

- Vamos construir a integração dessas instituições (Forças Armadas) efetivamente ao Estado brasileiro. Nós temos que mandar porque nós temos que obedecer. Quem nos manda? O povo brasileiro. Nossas ações são julgadas não por nossas intenções, mas por nossos resultados. A História não registra intenções, não registra explicações, registra o que se faz, as ações.

Jobim pede minuto de silêncio

O novo ministro pediu um minuto de silêncio para homenagear as famílias e vítimas do acidente com o Airbus da TAM. Segundo ele, o silêncio deveria servir, além da homenagem às vítimas, de alerta ao país de que a solução do problema precisa da colaboração e do empenho de todos.

- Esse silêncio tem duplo significado: solidariedade às famílias e também um alerta de que a questão que precisa ser enfrentada, estruturada, precisa da ajuda de todos. Há os que se satisfazem com a retaliação, com o passado, mas nós temos que fazer um ajuste de contas com o futuro - afirmou.

Ao dar posse na quarta-feira a Jobim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu que falta uma coordenação melhor entre os órgãos responsáveis pelo setor aéreo. O anúncio da troca dos ministros foi feito na manhã desta quarta-feira. A escolha de Jobim para o cargo dividiu opiniões.

Em sua primeira coletiva de imprensa após assumir o Ministério da Defesa, ainda na quarta-feira, Jobim informou que o presidente Lula lhe deu carta branca para fazer as mudanças necessárias, evitou fixar prazos para resolver a crise no setor aéreo, mas deixou claro que será firme em adotar as medidas que precisar para corrigir os problemas que levaram à crise. O presidente Lula assumiu o compromisso de que irá "brigar" para que os ministérios da Fazenda e do Planejamento sejam mais flexíveis com recursos. Para Lula, essas verbas fortalecerão Nelson Jobim no cargo.

Lula diz que quando embarca entrega a vida a Deus

Na mesma cerimônia, Lula disse ter medo de andar de avião e afirmou que, ao embarcar numa aeronave, entrega sua vida a Deus.

- Eu duvido que alguém nesse cenário não tenha medo de avião. Eu particularmente, quando viajo, me entrego a Deus. Estou na mão de uma máquina, de um piloto, de um controlador e na mão das intempéries que o tempo não pode controlar. Eu sou um medroso de andar de avião. Confesso isso publicamente porque não é nenhuma vergonha ter medo de viajar de avião -afirmou.

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