Em seu discurso de posse, no dia 1º de janeiro de 2011, a presidente Dilma Rousseff citou o escritor João Guimarães Rosa. O texto, que está no romance "Grande Sertão: Veredas", diz assim: "O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem". Veio daí o título que o jornalista Ricardo Batista do Amaral deu para a biografia sobre a presidente, batizada de "A vida quer é coragem". A trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil (editora Primeira Pessoa).

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O autor foi repórter de política em Brasília durante 25 anos e trabalhou também como assessor da Casa Civil e da campanha de Dilma. A partir deste contato próximo com a presidente, o autor apresenta ao leitor histórias de bastidores, as reações de Dilma ao descobrir que estava com câncer e, mais tarde, quando foi eleita. Além disso, traz fotos inéditas de Dilma da época em que ela estava presa pela ditadura. Na mais icônica delas, Dilma, então aos 22 anos, está sentada, aguardando para dar depoimento. Ao fundo, dois oficiais escondem os rostos para não aparecerem nas fotos.

"Decidi escrever este livro logo depois da eleição, para ajudar, especialmente os mais jovens, a compreender a eleição da primeira presidenta num contexto político mais amplo do que os limites da campanha eleitoral", explica o autor. "Para isso, considerei necessário apresentar a trajetória política e pessoal da presidenta, entrelaçando-a com o tempo político que ela e sua geração viveram".

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A obra é aberta com Dilma Rousseff, ainda ministra do governo Lula, recebendo uma ligação em Belo Horizonte. Do outro lado da linha, o médico Roberto Kalil confirmava a suspeita da doença. Ao desligar, a única coisa que se ouviu da futura candidata foi: "A vida não é fácil. Nunca foi". Uma semana depois, após confirmar todos os exames, Dilma anunciaria que iniciaria tratamento.

Além disso, a obra traz entrevistas em que Dilma conta como foram as torturas que sofreu durante a ditadura - pau de arara, choques, surra de palmatória, além de passar fome e frio. "Para escrever o livro, entrevistei pessoas que acompanharam a trajetória de Dilma. Utilizei um depoimento que a então candidata deu a jornalistas da campanha, sobre sua infância e juventude, e a entrevista que ela concedeu em 2008 ao cineasta Silvio Tendler, na qual faz um balanço da luta contra a ditadura", continua o autor.

"Reproduzi a única entrevista em que ela falou detalhadamente sobre tortura, concedida em 2003 ao jornalista Luiz Maklouf". Mesmo tendo trabalhado com Dilma, o autor não considera a biografia autorizada, mas um livro-reportagem. "Toda a responsabilidade pelas informações e opiniões é do autor", diz.