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SÃO PAULO - A Justiça Federal de Guarulhos pode pedir a prisão preventiva da dona da Daslu, Eliana Tranchesi, e de seu irmão e diretor financeiro da butique, Antônio Carlos Piva de Albuquerque, se não forem entregues até esta terça-feira os livros que comprovam a movimentação financeira da loja entre 2001 e 2005. Ambos são acusados pelo Ministério Público Federal de participar de um esquema fraudulento de importações, através da emissão de notas frias.

O pedido de busca e apreensão desses livros foi feito nesta segunda-feira pela juíza da 2a. Vara de Justiça Federal de Guarulhos, Maria Isabel do Prado, depois de interrogar a empresária por mais de três horas.

A juíza despachou um oficial de Justiça para o prédio da Daslu, na Vila Olímpia, zona sul da capital, outro para a superintendência da Receita Federal e um terceiro para a

Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo. Mas eles só encontraram parte dos 30 livros requisitados. Essa exigência fez com que Eliana permanecesse no prédio da Justiça Federal das 14h40 às 20h06. Seu depoimento durou cerca de três horas, mas por determinação da juíza ela não pôde deixar o local enquanto os oficiais não voltassem com os livros da butique.

O advogado criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, que defende Eliana e seu irmão (que também depôs), negou que sua cliente tivesse sido retida. Segundo ele, ela permaneceu lá espontaneamente para ajudar nas buscas. Na manhã desta terça-feira, por determinação da juíza, um oficial de Justiça voltará à sede da Daslu para tentar recolher os documento ainda não encontrados.

Em depoimento, Eliana negou as acusações de participar de um esquema fraudulento de importações. Eliana, assim como seu irmão, afirmou que as negociações com as grifes internacionais eram feitas exclusivamente pelas empresas de importação que prestam serviços à Daslu.

A uma das perguntas feitas pela juíza, Eliana afirmou que não se recordava de ter feito importações diretas. Elas disse ainda que 70% do faturamento da butique, o maior centro de compras de luxo do país, vêm da confecção e vendas de produtos da própria marca.

-As importações não eram feitas pela Daslu, que comprava os produtos já nacionalizados pelas tradings-disse o advogado, que pretende seguir essa linha de defesa.

- A 'pedra de toque' da defesa é que essas importações não eram feitas pela Daslu, mas sim pelas importadoras - afirmou Mariz de Oliveira.

O procurador do Ministério Público Federal Matheus Baraldi, autor da denúncia contra a empresária e seu irmão, disse que existem contradições entre o depoimento dado por Eliana ao MPF e o que ela disse ontem à Justiça.

-Existe o intuito evidente de jogar a culpa nas importadoras e no seu irmão. Ela (Eliana) disse que só lidava com o glamour e o marketing, mas as provas do MPF contra ela são muito fortes-disse Baraldi.

Na última quarta-feira, a juíza federal de Guarulhos aceitou denúncia do MPF contra os controladores da Daslu. Também são acusados pelo MPF quatro empresários, donos de tradings, que deverão depor em janeiro, depois do fim do recesso na Justiça. São eles Celso de Lima, ex-contador da butique e proprietário da importadora MultImport; André de Moura Beukers, dono da trading Kinsberg e responsável por implementar uma divisão de importação na Daslu; Christian Polo, da By Brasil; e Rodrigo Figueiredo e Roberto Fakhouri Júnior, sócios da importadora Todos os Santos e também ex-funcionários da butique.

Antônio Carlos Piva Albuquerque, irmão de Eliana Tranchesi e diretor financeiro da Daslu, depôs pela manhã, por mais de três horas e meia. Já Eliana chegou às 14h40 ao prédio da Justiça Federal, vinte minutos antes do horário inicialmente marcado para o seu depoimento. Ela desceu de um carro importado e foi cercada por sete seguranças particulares, que tentaram evitar que a empresária fosse fotografada. Um dos seguranças teve autorização para ficar de guarda diante da porta da sala da juíza.

Ao deixar o prédio da Justiça Federal à noite, Eliana viu seu carro cercado de populares que gritavam que ela tinha que pagar os impostos.

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