O Tribunal de Justiça da Bahia vai investigar o envolvimento da juíza Olga Regina Santiago Guimarães, de Cruz das Almas (BA), com o colombiano Gustavo Durán Bautista, um dos maiores traficantes de drogas que já atuaram no Brasil. Gravações da Polícia Federal revelaram uma proximidade suspeita entre Olga e Bautista, preso no mês passado, no Uruguai, com 500 quilos de cocaína. A droga era do cartel de outro colombiano, Juan Carlos Ramirez Abadia, capturado em São Paulo também no mês passado.

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Bautista já foi réu de Olga em Juazeiro. Em uma fazenda de frutas do colombiano, a polícia encontrou, em 2001, cocaína e dezenas de caixas com fundo falso. Processado, ele foi absolvido pela juíza Olga Guimarães.

Interceptações autorizadas pela Justica Federal flagraram diversas ligações da juíza e do marido dela, Balduíno Santana, para o traficante. O Jornal Nacional teve acesso às transcrições dos telefonemas.

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Bautista teve o equivalente a R$ 10 milhões apreendidos na Europa. Ele tentou, sem sucesso, recuperar o dinheiro, juntando documentos para demonstrar que era um empresário sério.

Numa ligação, a juíza diz que esteve lá na Polícia Federal e que estava tudo OK com as fichas de antecedentes. Durán responde: "Ah, que bom", e completa: "Amanhã eu vou colocar aquele negócio que o senhor Balduíno me falou". Olga finaliza: "Muito obrigado e boa sorte!".

As interceptações flagraram o pagamento de dinheiro. O marido da juíza telefona para o traficante e diz que não caiu nenhum depósito na conta. Bautista se compromete a depositar na manhã seguinte.

Em outra ligação, o traficante informa Balduíno que "só conseguiu depositar R$ 14,8 mil porque está meio apertado". O marido da juíza agradece o Bautista fez por ele.

As investigações comprovaram que no mês de junho a juíza Olga Regina e o marido dela foram até uma casa em São Paulo fazer uma visita ao traficante. O encontro foi confirmado pela filha mais velha do colombiano em depoimento à Polícia Federal. Ela disse que o pai e a juíza conversaram reservadamente e que não foi a primeira vez que os dois estiveram juntos.

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- É uma situação bastante delicada. Eu acho que seria razoável o afastamento dela para que o Tribunal pudesse apurar todos os fatos disse o procurador-geral de Justiça, da Bahia, Lidivaldo Britto.

O presidente do TJ da Bahia negou que vá haver corporativismo no julgamento:

- O julgamento será com isenção sem nenhum protecionismo, nem político nem pessoal. Isso eu tenho absoluta segurança - afirmou Benito Figueiredo.

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