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A enfermeira Maria Goretti Lopes, que terminou as eleições como a 9ª suplente do partido, agora é a suplente imediata | Maria Goretti / Divulgação
A enfermeira Maria Goretti Lopes, que terminou as eleições como a 9ª suplente do partido, agora é a suplente imediata| Foto: Maria Goretti / Divulgação

"Rapidez da justiça" surpreendeu Derosso

Por telefone, João Cláudio Derosso disse à Gazeta do Povo que soube pela imprensa da decisão do TRE-PR, mas que ainda não havia sido comunicado oficialmente da determinação da Justiça. Apesar disso, ele se disse impressionado com a celeridade com que o pedido da suplente Maria Goretti foi avaliado. "A princípio, [a decisão] me surpreende pela rapidez da Justiça Eleitoral. Só isso. (...) Pelo que me contaram, ela [Maria Goretti] entrou ontem [na terça-feira] e hoje [quarta-feira] o juiz despachou. A rapidez da justiça que me surpreendeu", afirmou.

Questionado, Derosso preferiu não avaliar sua saída do PSDB e se sua desfiliação configuraria infidelidade partidária. "Eu vou consultar meus advogados, saber do teor [da decisão] e depois eu comento", resumiu.

Advogado diz que Derosso não pode ser "bode expiatório"

Um dos advogados de Derosso, Figueiredo Basto disse que a defesa vai recorrer da decisão do TRE-PR e que "vai para o enfrentamento" contra o PSDB. Para o advogado, Derosso não pode ser o "bode expiatório" das denúncias que atingiram "não só a Câmara, mas toda Curitiba".

"Não acho correto que ele seja responsabilizado com exclusividade por todos esses fatos que estão tentando imputar a ele (...). Ele não enriqueceu ilicitamente com isso. Ele está isolado, vivendo de falsas promessas, de falsos amigos e pagando sozinho por isso aí", disse Basto.

Basto avalia que Derosso cometeu um erro estratégico ao se desfiliar do PSDB, em vez de permanecer no partido, como haviam orientado seus advogados. "Ele devia ter enfrentado o partido. O PSDB queria fazer a expulsão de maneira sumária. Nós teríamos condições de enfrentar com grandes chances de êxito. Ele preferiu não ouvir a nossa orientação e acreditou naquilo que foi dito a ele pelos caciques do PSDB no Paraná", afirmou o advogado.

Entenda o caso

Relembre as denúncias envolvendo o vereador João Cláudio Derosso e que terminaram com a saída dele do PSDB.

  • João Claudio Derosso: perda de mandato por infidelidade partidária

O juiz eleitoral Luciano Carrasco, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) determinou, na tarde desta quarta-feira (27), a perda do mandato do vereador João Cláudio Derosso (sem partido, ex-PSDB) e seu afastamento da Câmara Municipal de Curitiba por infidelidade partidária.

A decisão, em caráter liminar (provisório), atende ao pedido formulado pela enfermeira Maria Goretti Lopes, suplente do PSDB, com base na desfiliação de Derosso, no início de maio deste ano. O juiz também determina que Maria Goretti seja empossada na vaga de Derosso.Infidelidade partidária

Na ação movida por Maria Goretti, a então suplente pedia a cadeira de Derosso na Câmara, argumentando que o vereador se desfiliou do partido sem qualquer justificativa. Em seu despacho, o juiz Luciano Carrasco resume as alegações de Maria Goretti: "Diz, em apertada síntese, que o réu renegou tudo aquilo que o PSDB e seus filiados fizeram por ele".

Para embasar sua decisão, o magistrado mencionou o pedido de desfiliação de Derosso do PSDB. Na avaliação de Luciano Carrasco, o documento não traz justificativas claras em relação à saída do então vereador do partido.

"Singelo. Simples. Sem maiores explicações, nem ao partido, nem aos eleitores, nem à sociedade", diz o magistrado, sobre o pedido de desfiliação. "É o que basta para justificar a perda de mandato: o réu não invocou em nenhuma linha os motivos indicados na resolução para justificar sua desfiliação", complementa o juiz.

Luciano Carrasco menciona antecipou os efeitos da tutela (deferiu a liminar), porque a demora no julgamento prejudicaria a suplente. A decisão será agora encaminhada à presidência da Câmara de Vereadores de Curitiba, que deverá dar posse à Maria Goretti Lopes no prazo de 10 (dez) dias.

O pedido

Maria Goretti se tornou a suplente imediata do partido após o líder comunitário Edson Pereira Rodrigues (PSDB), conhecido como Edson do Parolin, assumir a função de vereador nesta segunda-feira (25) após a renúncia de Paulo Frote, que desistiu do cargo ao saber que enfrentaria um processo de cassação do mandato por ter sido condenado na Justiça por peculato.

O processo de perda de mandato de Derosso foi protocolado nesta terça-feira, mas a informação só foi divulgada nesta quarta (27).

Maria Goretti quer focar sua atuação na defesa da Saúde

Em entrevista à Gazeta do Povo - concedida por telefone na noite desta quarta-feira - Maria Goretti comemorou a decisão da Justiça Eleitoral e disse que aguarda com ansiedade para assumir sua vaga na Câmara. "Estou feliz. É um momento importante na minha vida política e profissional. Fui candidata e queria ganhar. Fiquei como suplente e chegou a hora de eu assumir", disse.

A suplente - que é enfermeira de profissão - pretende alicerçar seu mandato de seis meses na defesa da mulher e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Paralelamente, Maria Goretti já colocou o nome à disposição do partido, com vistas nas próximas eleições.

"A gente está começando uma conversa [com o partido], mas a convenção já é agora, no sábado [30]. Como sempre, meu nome vai estar à disposição", disse.

Apesar do pouco tempo que resta na atual legislatura, ela pretende assumir e fazer do seu trabalho uma vitrine. "O que importa é a qualidade e disposição pro trabalho", resumiu.

Currículo

A enfermeira é funcionária concursada da Secretaria de Saúde do Paraná, é casada e mãe de dois filhos. Ela formou-se na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e é especialista em Recursos Humanos na área de Saúde. Segundo ela, foi presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Paraná e da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), onde ainda foi diretora.

Outra ação

O atual vereador Edson do Parolin também havia requisitado na Justiça Eleitoral a vaga de João Cláudio Derosso. O processo segue aberto no TRE-PR, segundo informações da consulta processual na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente do PSDB em Curitiba, Fernando Ghignone, foi procurado para comentar o caso, mas não foi localizado até o início da tarde desta quarta-feira. Anteriormente, o partido disse que não iria intervir na questão.

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