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Justiça determinou que Paulo Roberto Costa não seja algemado em sua viagem até Brasília | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Justiça determinou que Paulo Roberto Costa não seja algemado em sua viagem até Brasília| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Em depoimento, ex-presidente da estatal nega conhecer doleiro

O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli prestou depoimento ontem à tarde, por meio de teleconferência, ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação Lava-Jato no Paraná. Gabrielli, que mora em Salvador, negou conhecer o doleiro Alberto Youssef e disse não ter conhecimento sobre supostas relações entre o doleiro e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

"Foi um depoimento conciso, com poucas informações", afirmou o advogado Haroldo Nater, que atua na defesa de Leonardo Meireles, um dos sócios da Labogem — empresa que teria sido usada por Youssef na lavagem de dinheiro da estatal.

Gabrielli falou na condição de testemunha de Youssef. Ele foi presidente da Petrobras entre 2005 e 2012, período em que Paulo Roberto Costa, um dos alvos centrais da Lava-Jato, era um dos diretores da estatal. Costa é acusado de intermediar contratos entre empreiteiras e a Petrobras com a ajuda de políticos de vários partidos.

Na série de depoimentos que vem dando desde o início de sua delação premiada, Costa disse que 3% do valor de cada um dos contratos era desviado para pagamento de propina. Em depoimentos nas duas CPIs sobre a Petrobras, Gabrielli foi instado a se explicar sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, negócio que pode ter provocado um prejuízo de mais de R$ 500 milhões aos cofres da estatal.

Agência O Globo

O juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, determinou que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa se apresente amanhã para prestar depoimento na CPI do Congresso que investiga o suposto desvio de dinheiro da estatal e o pagamento de propina a políticos.

Em despacho assinado ontem, Moro afirma que Costa, que está preso na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, deve ser levado a Brasília sob escolta da PF.

O juiz determina ainda que "deve ser evitada a utilização de algemas na apresentação do preso", uma vez que Costa não é acusado de crimes praticados "com violência ou grave ameaça".

A determinação foi enviada ontem pela manhã ao Senado. Moro determinou ainda que a escolta de Costa dentro do Congresso seja feita pela Polícia Federal, caso haja permissão da Casa, ou pela Polícia do Senado.

A CPI precisou pedir autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ouvir Costa, que firmou um acordo de delação premiada na esteira da Operação Lava Jato. Delação premiada ou colaboração com a Justiça é a figura jurídica que prevê a redução de pena quando um réu fornece informações que possam esclarecer outros crimes.

Na última sexta-feira, O ministro Teori Zavascki decidiu que não há impedimentos para que o delator compareça à sessão. Zavascki destacou, contudo, que o delator poderá ficar em silêncio. "Sem prejuízo de que sejam asseguradas ao convocado as suas garantias constitucionais, de resto oponíveis às próprias autoridades judiciárias, entre as quais a de permanecer em silêncio".

Em depoimentos prestados ao Ministério Público Federal no Paraná, segundo reportagem da revista Veja, Paulo Roberto Costa apontou deputados, senadores, governadores e um ministro do governo Dilma entre os supostos beneficiados pelo esquema.

A expectativa é que o ex-diretor da Petrobras dê detalhes e explique aos membros da CPI a suposta participação dos envolvidos.

A CPI também havia pedido ao Supremo que liberasse o conteúdo do depoimento de Paulo Roberto Costa dado na delação premiada. Teori Zavascki, contudo, afirmou que o documento não está com o STF. Segundo o ministro, os documentos relacionados ao ex-diretor da Petrobras que tramitam na corte já foram repassados à CPI.

Após delação, laranja de Youssef é solto

A Justiça federal decidiu soltar o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, laranja do doleiro Alberto Youssef em uma empresa no Brasil e duas nos Estados Unidos, após ele ter feito um acordo de delação premiada com procuradores, no qual prometeu contar o que sabe em troca de uma pena menor.

Ele ficou preso durante seis meses. O juiz federal Sergio Moro decidiu soltá-lo na última sexta-feira. Pereira da Costa fez uma série de revelações para procuradores da força-tarefa que acompanha a Operação Lava Jato, entre as quais a de que o doleiro deu de presente um helicóptero para o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) no valor de R$ 796 mil. Foi ele também que contou que o banco americano Merrill Lynch ajudou a lavar US$ 3,5 milhões que Youssef mantinha ilegalmente nos Estados Unidos por meio da simulação de um empréstimo em 2008.

Pereira da Costa foi preso em 17 de março pela Operação Lava Jato sob acusação de integrar uma quadrilha liderada pelo doleiro. O grupo seria responsável pela lavagem de R$ 10 bilhões.

Ele afirmou que uma série de contratos de consultoria entre grandes empreiteiras e empresas de fachada do doleiro eram falsos. A Polícia Federal e os procuradores sustentam que os contratos de consultoria do doleiro era uma forma de ele receber legalmente recursos das empreiteiras que depois foram usados para o pagamento de propina.

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