• Carregando...

Mais três denúncias decorrentes da operação Lava Jato da Polícia Federal (PF) foram aceitas pela Justiça Federal do Paraná na tarde desta terça-feira (29). Duas delas tratam dos doleiros Carlos Habib Charter e Nelma Kodama, ambos acusados de crimes financeiros. A terceira trata de uma suposta tentativa de ocultação de provas por parte do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Ao todo, 24 pessoas são citadas nas três ações. A ação partiu do Ministério Público Federal (MPF) e foram aceitas pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Com estas três denúncias, chega a oito o número de ações que tramitam sobre o caso na Justiça Federal, com 42 réus. Os crimes incluem lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de organização criminosa e outros delitos.

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, suas duas filhas e seus genros são réus numa ação penal sob acusação de tentar ocultar e destruir provas durante busca da Operação Lava Jato, no último mês, no Rio de Janeiro. Costa foi preso no dia 20 de março porque a Polícia Federal descobriu que, enquanto agentes faziam buscas na casa do ex-diretor, suas duas filhas e os genros estariam "retirando volumes significativos de material, ainda não identificado". Houve também a retirada de dinheiro, de acordo com relatórios policiais.

A PF descobriu a ida das filhas ao escritório por meio de imagens de câmeras de seguranças instaladas no escritório da Costa Global Consultoria.

O ex-diretor da Petrobras já é réu numa ação por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro junto com o doleiro Alberto Youssef, aberta pela Justiça federal do Paraná na semana passada. O juiz disse na decisão que há suspeita de desvios de recursos públicos na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Costa é acusado de manter negócios com o doleiro, acusado de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões, de acordo com a PF.

Outro lado

O advogado de Costa, Fernando Fernandes, alega que a visita dos familiares ao escritório no momento em que ocorria a busca na casa do executivo foi mera coincidência, já que as filhas não sabiam que a PF faria buscas no local. Fernandes disse que Costa estava detido pela PF e não tinha condições de dar ordem para as filhas destruírem ou ocultarem provas.

Ainda segundo o advogado, o juiz federal Sérgio Moro não tem competência legal para tratar de um suposto sumiço de provas ocorrido no Rio de Janeiro. De acordo com o defensor, mesmo se as filhas tivessem ocultado provas, isso seria lícito. "Uma filha ou mulher não podem ser acusados por tentar ajudar o pai. Um filho tem o direito de proteger o pai contra o Estado."

Fernandes afirmou também que Moro cometeu fraudes ao decretar novamente a prisão de Costa quando os tribunais superiores estavam prestes a julgar um pedido de liberdade. "O juiz tem uma tradição de arbitrariedades e tem cometido fraudes para evitar a soltura do Paulo Roberto."O juiz não quis comentar a acusação do advogado de que cometeu fraudes.

Doleiros

Kodama e Chater são acusados de formar grupos criminosos para realizar crimes financeiros, especialmente evasão de divisas. A primeira, junto com mais oito pessoas, teria usado a empresa Da Vinci Confecções para "promover a evasão fraudulenta" de mais de R$ 5,3 milhões. Ela é acusada também de tentar fugir do país com US$ 200 mil não declarados, escondidos na calcinha. Kodama é citada, também, como uma grande operadora do mercado negro e que suas empresas de fachada teriam movimentado R$ 103 milhões entre 2012 e 2013. Já Chater é acusado de ser um grande operador do mercado negro de câmbio, e teria realizado operações com Kodama e com Alberto Youssef, principal alvo das investigações da Lava Jato. Ele também é acusado de usar empresas de fachada para movimentar dinheiro irregularmente. Pessoas ligadas ao doleiro também teriam forjado documentos para justificar operações de câmbio ilegal. Outras nove pessoas foram acusadas como parte do grupo. Chater já é réu em outra ação da Lava Jato, por suposta lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Os dois doleiros foram presos preventivamente pela Polícia Federal. A redação procurou a defesa dos dois, mas não teve resposta.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]