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O delegado Paulo Henrique da Silva Pinto, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, disse na tarde desta quinta-feira que pedirá nas próximas horas à Justiça a prisão preventiva dos quatro policiais militares do 12 BPM (Niterói) - um sargento, um cabo e dois soldados - acusados de matar cinco pessoas no Morro do Estado, no sábado à noite. De acordo com Paulo Henrique, as provas técnicas e os depoimentos deixaram claro que não houve confronto dos PMs com Welinton Santiago, de 11 anos, Luciano Tavares Lima, de 12, Edmilson da Conceição, de 15, José Maicon Fragoso dos Santos, de 16, e Wedson da Conceição, de 26.

O menor de 13 anos que foi baleado na perna direita na ocasião permanece internado no Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), sob proteção de uma equipe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil. Assim que tiver alta, ele será incluído no Programa de Proteção à Testemunha.

Os laudos cadavéricos dos cinco mortos na operação da Polícia Militar no Morro do Estado apontam que as vítimas foram executadas pelos policiais. Segundo a análise, feita por peritos do Instituto Médico-Legal (IML), alguns dos adolescentes foram assassinados à queima-roupa e pelas costas, o que contraria a versão dos policiais, de que teria havido confronto com os menores, que seriam ligados ao tráfico de drogas no local.

De acordo com os laudos, assinados pelos peritos legistas André Miranda Vaz e Julio Cury, Luciano foi morto pelas costas com dois tiros. Welinton, sepultado ao lado de Luciano, levou cinco tiros, um deles na cabeça.

José Maicon foi assassinado com sete tiros. Segundo o laudo, um dos disparos, na cabeça, "deixou uma tatuagem periférica característica de tiro a curta distância". Uma bala arrancou o dedo polegar da vítima, o que, segundo a perícia, pode ser um indício de que o menor tentou se proteger do tiro na cabeça. Edmilson foi morto com três tiros que atingiram a barriga, a coxa esquerda e a perna direita, que foi amputada.

Na quarta-feira, a polícia ouviu os depoimentos dos oito PMs que chegaram ao morro momentos depois das mortes. Eles foram chamados ao local pelo sargento e pelos soldados para ajudar a levar os corpos para o Hospital Universitário Antônio Pedro. Ainda na quarta-feira, o menor de 13 anos que foi baleado na perna direita durante a ação da PM recebeu, no Hospital Antônio Pedro, a visita do subprocurador geral de Defesa dos Direitos Humanos do Ministério Público, Leonardo Chaves, e de representantes de ONGs em defesa dos direitos humanos.

Segundo a polícia, o garoto não está mais sob custódia da PM, pois não há provas de que ele tenha ligações com o tráfico de drogas.

- O menino só sobreviveu porque desmaiou. Os policiais pensaram que ele estivesse morto e o trouxeram para o hospital. Se não fosse isso, ele hoje não estaria aqui - disse Dionara Castro, representante da ONG Justiça Global.

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