Eduardo Sciarra: “Nós não somos fisiológico.”| Foto: Saulo Cruz/Ag. Câmara

Incomodado com a repercussão de que a nomeação do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para a Secretaria de Micro e Pequena Empresa significa a entrada oficial do PSD no governo Dilma Rousseff, o líder do partido na Câmara dos Deputados, Eduardo Sciarra (PR), reforçou que a sigla continuará atuando de forma independente no Congresso.

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"O que as pessoas [do PSD] se sentiram incomodadas é de, sem a gente estar de fato atuando aqui no Congresso Nacional como integrante da base, a gente receber a pecha de que fomos para o governo, de que somos fisiológicos e vamos votar com o governo", disse Sciarra. "Não é isso. Nós não somos fisiológicos e não queremos que se caracterize essa posição com [a entrada no] ministério", completou.

A afirmação vai na contramão do que disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Ontem, Carvalho afirmou que a nomeação de Afif representa, em sua visão, a entrada da quarta maior bancada da Câmara na base. "O partido que ele representa, vindo apoiar nosso governo, ampliando nossa base, é importante", disse.

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Horas depois da declaração de Carvalho, Sciarra divulgou nota negando que o partido vá compor a base governista na Câmara. No texto, ele destaca as qualidades de Afif, mas lembra que, há dois meses, o presidente da legenda, Gilberto Kassab, anunciou que a possível escolha de Afif para a nova pasta não implicaria a incorporação do PSD na base.

Acúmulo

A cerimônia de posse de Afif ocorre hoje. Ele não pretende se licenciar da vice-governadoria de São Paulo e deve acumular as duas funções. Carvalho disse que não comentaria a situação, que será analisada pela Comissão de Ética da Presidência da República em reunião marcada para o dia 20 deste mês.

Especialistas ouvidos pela reportagem dizem que não há impedimento legal para a situação. De acordo com eles, Afif só não poderá manter o recebimento de dois salários. Ontem ele abriu mão do salário de vice-governador (R$ 15 mil mensais líquido) e decidiu ficar com os vencimentos de ministro (R$ 26,7 mil por mês, sem os descontos).

Paralelamente à discussão da legalidade do acúmulo de cargos, há o questionamento sobre a conveniência de Afif servir ao mesmo tempo o governo tucano de São Paulo e a administração federal petista. "Ele foi eleito por um governo de oposição ao governo federal. Não é possível servir dois senhores ao mesmo tempo", diz o cientista político José Álvaro Moisés, da USP.

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