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Brasília (AE) – Na terça-feira, os presidentes e relatores das três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que investigam denúncias de corrupção envolvendo o governo e o Congresso deverão se reunir para uma missão impossível: serenar os ânimos, encerrar as brigas e definir o foco de cada uma. O mediador do encontro deverá ser o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

O esforço pela paz ocorrerá depois de uma semana em que as CPIs dos Bingos, do Mensalão e dos Correios entraram em conflito diversas vezes, disputando atribuições e holofotes. As investigações dos fundos de pensão e das remessas ilegais de dinheiro para o exterior são os principais motivos da discórdia atual. "Ou nós nos entendemos ou nos desmoralizamos", reconhece o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI mais antiga a dos Correios, que começou a funcionar no dia 9 de junho e ouviu 27 depoimentos, muitos deles transmitidos ao vivo pela televisão.

O auge do que o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) já chama de "marcha da insensatez" aconteceu com a aprovação, nas três CPIs, de uma mesma pessoa: o doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, que cumpre pena de 25 anos em São Paulo.

Em troca de redução da condenação, ele já falou informalmente a uma comitiva da CPI dos Correios, mas os parlamentares das outras comissões não se deram por satisfeitos. A oposição conseguiu aprovar os depoimentos abertos, em que Toninho, se repetir o que disse, acusará figuras importantes do governo e do PT, como o ministro Márcio Thomaz Bastos e o ex-ministro e deputado José Dirceu, de fazerem remessas não declaradas de dinheiro ao exterior. Thomaz Bastos negou qualquer irregularidade nas remessas que fez, em 1993. Como a tentativa de realizar reuniões conjuntas para os depoimentos comuns não deu certo, o mais provável é que o doleiro seja ouvido mais três vezes.

Caneladas

"Na hora dos relatórios, vai ter morte", diz Suassuna, titular de duas CPIs, a do Mensalão, última a ser criada, no início deste mês, e a dos Correios. É justamente este o temor do deputado tucano Gustavo Fruet (PSDB-PR), da CPI dos Correios. "Vai ter canelada até o fim dos trabalhos, é impossível impedir que haja conflito. Mas o que não pode é haver choques nos relatórios. Por isso, é preciso definir o foco de cada investigação", diz o deputado.

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