• Carregando...

Brasília (Folhapress) – Líderes governistas negociam com a oposição a ida do ministro Antônio Palocci (Fazenda) ao Congresso para dar explicações sobre seu suposto envolvimento na remessa de dinheiro de Cuba para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A estratégia é negociar um pedido para que Palocci seja ouvido na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, e não em uma das CPIs em funcionamento no Congresso.

Como ministro, se for convocado nas CPIs ou nas comissões, ele é obrigado a comparecer.

Os recados foram mandados por meio do líder do governo Aloízio Mercadante (PT-SP), que se reuniu com Palocci para tratar da medida provisória que cria a Super-Receita. A idéia era marcar uma audiência pública na próxima semana, mas, por causa do feriado, deve ficar para a seguinte.

Nesse cenário o ministro evitaria o desgaste de uma convocação para uma CPI e responderia a perguntas sobre o caso Cuba em uma situação mais confortável, por estar na CAE e não em uma comissão parlamentar de inquérito, ou seja, não seria ouvido na condição de investigado.

Caso a oposição insista em convocá-lo, Palocci avalia que talvez não seja suficiente falar numa comissão temática do Congresso. Aí, seria melhor partir logo para um depoimento numa CPI.

Na opinião do ministro, uma eventual turbulência econômica por sua ida a uma CPI seria debitada na conta da oposição.

"Se eu fosse ele, eu viria de peito aberto. A economia vai bem e não é justo que ele tenha sua cabeça colocada em praça pública para ser cortada", disse o senador Tião Viana (PT-AC), que é vice-líder do governo e tem bom trânsito com a oposição.

Cautela

O PSDB e o PFL têm poupado o ministro desde o início da crise, temendo uma contaminação da economia. Eles avaliam, no entanto, que Palocci está sendo arrastado naturalmente para o centro das investigações e seria positivo se ele comparecesse espontaneamente ao Congresso.

"Ninguém tem a intenção de degolá-lo", afirmou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumirá a presidência do partido no próximo dia 18. "Talvez não seja necessário ele vir ou talvez a CAE não seja suficiente. Tudo vai depender dos fatos", afirmou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).

Após as denúncias de caixa dois na prefeitura de Ribeirão Preto (SP) durante a gestão de Palocci, o ministro voltou a ser foco das investigações depois que a revista Veja revelou suposto envio de US$ 1,4 milhão a US$ 3 milhões de Cuba para a campanha de Lula. Todos os citados na operação são ex-assessores de Palocci.

A situação do ministro ficou mais complicada após depoimento sigiloso colhido anteontem pela CPI do Bingos. Uma testemunha ligada ao PT apontou o empresário Roberto Carlos Kurzweil como o responsável pela captação de parte dos recursos da campanha de Lula, em nome de Palocci.

Ele teria conseguido doação de R$ 1 milhão de dois empresários angolanos, donos de bingos em São Paulo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]