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Sede da Copel: diretor jurídico da empresa, Zuudi Sakakihara, deixou o cargo | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
Sede da Copel: diretor jurídico da empresa, Zuudi Sakakihara, deixou o cargo| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Uma lista divulgada pelo governador Roberto Requião (PMDB) no site oficial do próprio Executivo revela supersalários que chegam a R$ 39.637,22 nos órgãos da administração indireta, como Copel, Sanepar e Cohapar. Depois de uma queda de braço jurídica travada com os sindicados dos funcionários das estatais para tornar públicos os vencimentos – que resultou até na saída de um diretor da Copel –, o governador despejou os números na internet, mas sem os nomes dos servidores e o local em que trabalham. A manobra foi uma forma de escapar da possibilidade de multas impostas pela Justiça – que podem chegar a R$ 10 mil –, caso o governo insista em publicar os nomes dos servidores com os respectivos vencimentos.

A lista pode ser consultada na seção "Transparência" do portal do Governo do Estado (www.pr.gov.br). Na relação, além do salário de diretor presidente de quase R$ 40 mil, estão outros 7 diretores que ganham R$ 36.033,61 mensais. Os polpudos salários da administração indireta incluem ainda superintendentes que ganham de R$ 14.803,65 a R$ 24.686,13.

Mas não só os cargos considerados de maior poder de decisão nas empresas de economia mista são bem remunerados. Assessores recebem R$ 17.908,75 e gerentes até R$ 17.324,49. Na lista aparecem ainda analistas de sistemas com remuneração de R$ 9.546,88.

No site, os salários pagos pelas empresas da administração indireta estão agrupados junto com os das universidades estaduais, em que aparecem docentes e agentes universitários. A média salarial nessas categorias, no entanto, é bem menor do que nas estatais. Os melhores salários são de pró-reitor – R$ 11.497,47 – e de diretores – R$ 11.133,95.

Embora o governo tenha o controle acionário das empresas de economia mista, onde participam outros sócios privados, as regras que regem as relações de trabalho não são as mesmas que valem para o quadro geral do funcionalismo. Os trabalhadores da administração indireta são celetistas e não ficam restritos ao teto constitucional – que é de R$ 26,7 mil. Embora sejam altos salários, não há nada de ilegal, portanto, nos valores pagos.

Briga

O governador Roberto Requião publicou no dia 1.º de fevereiro os vencimentos dos servidores do Poder Executivo na internet. A relação está em ordem alfabética e traz o nome, o cargo que o funcionário ocupa e sua remuneração.

Requião anunciou que divulgaria também os nomes e os salários dos funcionários dos órgãos da administração indireta, incluindo Copel e Sanepar, mas sindicatos de trabalhadores entraram com ações e conseguiram decisões favoráveis proibindo o governo de di­­vulgar na internet os salários de cada servidor. A justiça entendeu que a prática fere o artigo artigo 5.° da Constituição Federal, que define os direitos fundamentais da intimidade e vida privada.

A Justiça do Trabalho também acolheu ações movidas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento, Perícias, In­­­formações e Pesquisas (Sindaspp). Os engenheiros da Cohapar foram outros que conseguiram suspender a publicação de seus nomes.

A divulgação dos salários da Copel provocou até mudanças na diretoria da estatal de energia elétrica. Zuudi Sakakihara, que ocupava o cargo de diretor Jurídico, deixou a empresa ontem. A versão oficial da Copel, publicada no site do governo, é que ele renunciou, mas desde a semana passada havia rumores de que Sakakihara teria se recusado a entregar a Requião a lista dos nomes e salários dos funcionários. Isso teria irritado o governador, que ameaçou demitir o diretor e até o presidente da Copel, Rubens Guilardi.

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