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Não falta transparência, dizem vereadores

Na opinião do presidente da Câmara, Rony Alves (PTB), o nível de desconhecimento do eleitorado com relação ao trabalho do Legislativo não se deve à falta de transparência. "Temos trabalhado com toda a possibilidade de abertura, disponibilizando informações, mas parece que há desinteresse geral dos cidadãos em saber que as grandes decisões são tomadas dentro da Casa", declarou. Ele lembrou que as sessões são transmitidas, as informações sobre os mandatos são acessíveis e a imprensa cobre as atividades do Legislativo. Alves disse ainda que a melhora da atuação da Câmara "depende da cobrança que o cidadão faz".

Para Lenir de Assis (PT), a Câmara tem "responsabilidade para melhorar" essa situação. "Esses números revelam que é necessário que a Câmara amplie a sua participação na comunidade, amplie os canais de comunicação com a sociedade e esteja cada vez mais presente", argumentou a petista. Ela considera contraditório o fato de que a Câmara "representa o povo e o povo não sabe o que está sendo discutido". "É um equivoco não se interessar e acompanhar o processo político da cidade. Contribui para descolar a relação entre representante e representado", completou Lenir, que disse considerar "um risco" o eleitor não saber em quem votou.

Na avaliação de Elza Correia (PMDB), esse distanciamento é "reflexo da despolitização, inclusive da sociedade civil". "As pessoas não têm muita preocupação, estão distantes dos poderes constituídos. Entendemos as razões, os políticos se distanciaram anos-luz da população e esse é o reflexo, uma insatisfação em relação aos poderes." Para ela, a solução passa por uma "reforma política profunda". Com relação ao desconhecimento da sociedade sobre as ações da Câmara, Elza Correia declarou que "não se pode dizer que seja falta de transparência", pois ela entende que "a Câmara hoje tem uma visibilidade muito maior" do que há uma década. "O desinteresse da população é ruim, pois o controle social faz melhorar as ações dos poderes. Se não há controle social os poderes ficam soltos."

Apesar das sessões da Câmara serem transmitidas ao vivo pela internet e das ações do Legislativo serem acompanhadas pela imprensa – todas as sessões são acompanhadas por veículos de comunicação -, nove em cada dez londrinenses não sabem citar nenhum projeto proposto por vereadores ou aprovado pela Casa. É o que mostra o levantamento feito pela Paraná Pesquisas para o JL, no final do mês passado, para avaliar a atuação do Executivo e do Legislativo. Questionados sobre o que a Câmara aprovou no primeiro semestre, 85,77% dos entrevistados não souberam responder e 5,26% responderam "nenhum". A Paraná Pesquisas ouviu 513 eleitores, entre 23 e 26 de junho, e a margem de erro é de 4,5 pontos porcentuais.

Entre os entrevistados, 2,14% citaram a chamada "Lei Angeloni", que mudou o zoneamento de uma rua e permitiu a instalação do supermercado na Gleba Palhano, e 0,58% citaram a criação de cargos para a saúde – dois temas que tiveram ampla divulgação pela imprensa. Curiosamente, 0,58% dos entrevistados citaram o Plano Diretor como um dos projetos aprovados pela Câmara, o que aconteceu no ano passado. A atual administração municipal ainda não encaminhou o novo projeto de Uso e Ocupação do Solo (zoneamento) e o Sistema Viário, as duas leis complementares ao Plano Diretor que ainda não foram aprovadas. Ambos devem ser encaminhados no segundo semestre.

A pesquisa também mostra que parte considerável dos eleitores não lembra em quem votou para vereador no ano passado: 42,88%. O grupo dos que lembram da sua escolha para o Legislativo soma 51,46% e 5,65% disseram não ter votado.

Ainda que 90% dos eleitores não saibam citar o que o Legislativo fez no primeiro semestre, 42,88% aprovam a atuação do Legislativo contra 45,22% que desaprovam. Os 11,89% restantes não souberam responder ou não opinaram.

A maior aprovação ao trabalho da Câmara vem dos distritos, que são objeto de uma comissão especial aberta no começo do ano para levantar as debilidades dos serviços públicos na área rural: 50% dos moradores dessas áreas aprovam o trabalho contra 31,25% de desaprovação. O centro e a zona norte são os que menos aprovam, com 38,71% e 39,85%, respectivamente. Nessas regiões, a desaprovação é de 45,16% e 49,62%.

O distanciamento do eleitorado com os seus representantes também atinge a presidência: só 15,2% acertaram o nome do vereador Rony Alves (PTB), quando questionados sobre o nome do chefe do Legislativo e outros 2,92% que citaram nomes errados. Estrondosos 81,87% não souberam responder quem preside a Câmara.

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