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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que deseja ouvir pedidos de desculpas de quem têm feito acusações contra ele ao longo da crise política desencadeada pelo escândalo do mensalão. O PT, porém, estaria longe de merecer o mesmo desagravo. O presidente antevê dias difíceis para o partido que, segundo ele, terá que "sangrar muito" para recuperar a credibilidade.

Em entrevista ao jornalista Pedro Bial, que foi ao ar no programa "Fantástico", da TV Globo, Lula queixou-se da instituição da reeleição - que condicionaria o primeiro mandato dos presidentes à preocupação com as urnas - e disse sua decisão de candidatar-se não será anunciada até meados deste ano. Apesar de dizer que o último ano deste mandato não será pautado por medidas populistas, o presidente insistiu várias vezes que 2006 será um ano de crescimento para o Brasil, um ano em que ele espera colher frutos.

- Por que que eu não vou colher as coisas que nós plantamos? Nós vamos colher e eu quero, como presidente da República, ir aos locais em que eu fui anunciar que ia fazer... Eu quero ir lá colher agora o que eu plantei.

Lula pediu que as pessoas esperem o fim de seu mandato para ser julgado.

PT sangrado

Apesar de esquivar-se de dar opiniões sobre sobre irregularidades e crimes comprovados pela imprensa e pelas investigações das CPIs - ele insiste que, contra José Dirceu, por exemplo, nada foi comprovado - , Lula foi enfático sobre as conseqüências da crise política para o partido.

- PT cometeu um erro... Um erro que é de uma gravidade incomensurável. Todo mundo sabe - disse Lula, referindo-se à prática do caixa dois em campanhas eleitorais. - O PT cometeu um erro que será de difícil reparação pelo próprio PT. O PT vai sangrar muito para poder se colocar diante da sociedade outra vez com uma credibilidade que ele conquistou ao longo de 20 anos.

Lula disse que o combate à corrupção precisa ser levada adiante como uma "profissão de fé" e que as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público prosseguirão "ferro e fogo".

Apesar disso, nos 37 minutos de entrevista, Lula insistiu várias vezes na necessidade de se provarem as acusações e omitiu suas opiniões sobre os provas e indícios de irregularidades.

- Eu, Pedro, baseio a minha vida em achar que todo mundo é inocente até prove o contrário. Então, todo mundo merece a chance de ser inocente até que se investigue e se prove que ele é culpado. Ao presidente da República, não cabe fazer pré-julgamento.

Lula, porém, disse que o escândalo foi para ele uma "facada nas costas" - ainda que tenha se recusado a dizer quem o apunhalou.

O presidente se disse à espera de pedidos de desculpas pela "leviandade" com que muitos estão se referindo a ele durante a crise.

- Com relação à minha pessoa, a única coisa que eu peço a Deus é que, quando terminar tudo isso, aqueles que me acusaram peçam desculpas. Só peço isso. Não quero, não quero nada mais do que isso. Peçam desculpas. Porque também a leviandade tal como ela é feita muitas vezes...ela tem um preço. E eu acho que é precipitado, errado fazer qualquer julgamento precipitado da pessoa. Sabe, dizer que a pessoa vai ser a melhor em campo ou que vai ser a pior em campo antes de o jogo começar.

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