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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara a equipe para começar a reforma ministerial no início de dezembro, apesar de tentar adiar o máximo que pode.

Lula preferiu ele mesmo conduzir as articulações com os aliados e tem feito reuniões periódicas com governadores e parlamentares. Nos encontros, tem exposto os modelos de administração que quer tocar.

Para a reforma ministerial deslanchar só falta o governo concluir o pacote fiscal preparado pelo Ministério da Fazenda. A divulgação das medidas de alívio tributário para impulsionar investimentos está prevista para o final de novembro.

O presidente repete aos aliados que, historicamente, segundos mandatos são fracassos e lembra-se do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do colega norte-americano George W. Bush.

Lula não quer entrar nessa lista e tem se esforçado para evitar as debacles políticas. Disse que quer ter relação institucional com os partidos e que não fará do governo uma "salada mista".

Nessas reuniões, o presidente evita discutir cargos diretamente. Tem dito apenas que o PT perderá espaço, que precisará ampliar a participação do PMDB e que deseja repetir a fórmula de ter personalidades no primeiro escalão.

Mesmo assim, pressões não faltam. Desde o PT, que não quer perder espaço, até o PP, que diz almejar três pastas. Nessas discussões, o PMDB não fica atrás e também brada pelo controle de mais ministérios.

Na bolsa de apostas, os peemedebistas podem chegar a controlar seis ministérios: Comunicações, Minas e Energia, Transportes, Justiça, Integração Nacional e Agricultura. As duas novidades podem ser o deputado baiano e neolulista Geddel Vieira Lima, na Integração, e o governador derrotado do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto.

Rigotto articulou um entendimento com o deputado Eliseu Padilha (RS), ex-ministro de Fernando Henrique, e construiu a ponte que pode levá-lo ao ministério. Ele seria, ao lado de Nelson Jobim, na Justiça, o peso para garantir o apoio institucional do PMDB ao governo.

Outra maneira de conseguir o apoio oficial do partido é garantir a participação da ala paulista no governo. Nesse cenário, surge o nome do deputado Delfim Netto, que não conseguiu se eleger à Câmara, mas é visto por Lula como um aliado de primeira hora. Ele poderia ocupar a pasta de Agricultura. As duas outras pastas peemedebistas devem ser mantidas com Hélio Costa, nas Comunicações, e Silas Rondeau, nas Minas e Energia.

Aliado do presidente Lula, o senador José Sarney, articula para que a filha, Roseana Sarney, candidata derrotada ao governo do Maranhão, ocupe uma das pastas. A mais cotada seria a da Previdência. Roseana, de saída do PFL, pretende filiar-se ao PMDB, mas, segundo peemedebistas, se nomeada ministra, ela não fará parte da cota do partido, mas da cota pessoal de Lula.

Na Justiça, outro nome que circula entre os parlamentares é o do atual ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que já foi cotado para o Supremo Tribunal Federal.

Com o espaço da articulação política vago, novas apostas surgem. Petistas avaliam que Lula não seria capaz de entregar a relação entre o Executivo e o Legislativo para alguém de outro partido, sobretudo porque a liderança do governo no Senado deve continuar com o Romero Jucá (PMDB-RR).

Tarso pode ser ainda reacomodado na Defesa, caso Lula entenda que ficou desgastada a relação de Waldir Pires com os militares por conta dos desdobramentos da crise que afetou o tráfego aéreo brasileiro.

Os petistas garantem que não vão pressionar o presidente nas negociações, mas prometem lutar para manter o protagonismo ainda que, segundo Lula, o partido já tenha o melhor cargo da República: o de presidente.

Controle petista

No jogo de poder, o PT pretende retomar o controle de uma pasta de destaque: Cidades, hoje comandada por Márcio Fortes, do PP. Para esse posto, o nome da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy é dado como praticamente certo.

Para os peemedebistas, as reivindicações do PT trazem preocupações. "O presidente e o PT precisam garantir espaços no núcleo de governo para o PMDB. E precisam confiar nos aliados. Eles não podem ficar desconfiados sempre. Eles precisam abrir o governo para a nossa participação", disse um deputado.

Segundo os aliados, Lula quer um nome forte na Saúde para que a pasta consiga tocar projetos importantes e saia do noticiário negativo, por conta dos escândalos dos vampiros e dos sanguessugas. O nome mais forte para ocupar a pasta é o do deputado federal eleito pelo PSB do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes.

Cultura e Esporte

Com as saídas praticamente anunciadas de Luiz Fernando Furlan e Gilberto Gil, surgiram os nomes do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, para ocupar o Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e do atual presidente da Funarte, Antonio Carlos Grassi, para comandar a Cultura. Aliados dizem ainda que uma possibilidade é que o atual secretário-executivo da Cultura, Juca Ferreira, seja elevado ao posto maior da pasta.

Gerdau tem o perfil de personalidade que Lula quer ter novamente no segundo governo, mas nega que queira ocupar um ministério. A favor dele fala o bom entendimento e a admiração pessoal ao presidente. Lula quer ainda concretizar um antigo desejo de ver o Ministério do Esporte ocupado por um ídolo, o jogador Sócrates.

Sócrates foi sondado em 2002, mas não quis voltar à política. Ele foi secretário de Esportes de Ribeirão Preto na passagem de Antonio Palocci pela prefeitura.

Equipe econômica

Tudo indica que a equipe econômica será mantida com Guido Mantega, na Fazenda, Paulo Bernardo, no Planejamento, e Henrique Meirelles, no Banco Central.

Parlamentares petistas, no entanto, dizem que não ficariam surpresos se Mantega fosse deslocado para o Planejamento, cargo que já ocupou no governo. Nessa hipótese, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, seriam possibilidades para o Ministério da Fazenda.

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