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Durante lançamento nesta quarta-feira (29) do livro "Direito à Memória e à Verdade", sobre as circunstâncias dos mortos e desaparecidos da ditadura militar (1964-1985), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu encaminhar ao Arquivo Nacional os documentos que permanecem sigilosos sobre o período.

"Grande parte dos documentos já foi para o Arquivo Nacional. O que falta será mandado para o Arquivo Nacional porque queremos contribuir e trabalhar para que a sociedade brasileira vire a página de uma vez por todas (...) esquecendo um pouco o que foi o regime autoritário no Brasil", disse o presidente nesta quarta-feira (29).

O livro, uma compilação dos 11 anos de trabalhos da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos de 500 páginas, mostra a situação de 479 militantes que sofreram com os anos da ditadura.

Com uma platéia recheada por familiares dos desaparecidos do regime e sem a presença dos três comandantes das Forças Armadas, Lula classificou o livro como uma fotografia do trabalho da comissão e disse que o documento foi publicado não para fazer revanche aos militares, mas para marcar a reconciliação com o passado.

"A gente deveria pensar numa estratégia para saber onde está e buscar (os corpos dos desaparecidos), sem a expectativa de que a partir daí a gente vai fazer um processo de revanchismo até porque a lei da anistia já foi aprovada", disse Lula.

Sem militares

Segundo a Secretaria de Direitos Humanos, os comandantes da Aeronáutica, Juniti Saito, da Marinha, Julio Soares de Moura Neto, e do Exército, Enzo Peri, foram convidados para o evento, mas não compareceram.

Peri não se encontra em Brasília e participa em Buenos Aires de um encontro de cúpula militar da América do Sul. O G1 entrou em contato com as assessorias da Aeronáutica e da Marinha, mas não obteve resposta sobre a agenda dos dois.

Questionado se os militares não gostaram do lançamento do livro, Lula limitou-se a dizer: "Não sei, porque não conversei com os militares. Eu fui convidado pela Secretaria de Direitos Humanos, o ministro Nelson Jobim foi convidado e veio. Eu não sei se eles não foram convidados".

Apesar de nenhum dos três ter comparecido ao evento, nem mandado representantes, militares afirmaram ao G1, em caráter de anonimato, que o clima de ressentimento não existe. A nova geração de militares, que não teve envolvimento com a ditadura, se sente aliviada em ver os documentos do regime divulgados.

Um militar citou uma orientação do comandante Saito para garantir que não há nenhuma restrição ou protecionismo em relação aos dados do regime militar.

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