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Previdência Social

Lula negocia alternativa a reajuste igual do mínimo para aposentados

Presidente assume pessoalmente a articulação política para evitar que o projeto que não interessa ao governo passe na Câmara

O ministro José Pimentel e Lula: os dois discutirão proposta que atenda os aposentados e não comprometa o caixa federal | Wilson Dias/ABr
O ministro José Pimentel e Lula: os dois discutirão proposta que atenda os aposentados e não comprometa o caixa federal (Foto: Wilson Dias/ABr)

Brasília e Curitiba - O governo quer definir uma posição firme em relação ao reajuste real a ser concedido em 2010 e 2011 aos aposentados e pensionistas da Previdência Social que ganham mais de um salário mínimo. Hoje, o presidente Lula se reúne às 16 horas com os ministros da Previdência, José Pimentel; da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci; e das Relações Ins­­titucionais, Alexandre Padilha, para fechar a proposta a ser feita às centrais sindicais – provavelmente pelo próprio Lula. A ideia é apresentar uma alternativa atraente para que os aposentados desistam de pressionar pela aprovação, na Câmara, da proposta que garantiria o mesmo porcentual do reajuste do salário mínimo a todas as aposentadorias do país.

Além dos ministros, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e os líderes do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), e da bancada do PT, Cândido Vaccarezza (SP), também participam do encontro.

A ideia é garantir à categoria no ano que vem um porcentual de 2,5% acima da inflação acumulada este ano. O porcentual equivale a 50% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2008. Com isso, o reajuste ficaria em torno de 6%. Para 2011, seria repetida a fórmula de inflação somada à metade do PIB de 2009.

Esse foi o acerto firmado entre centrais sindicais e ministros do governo em agosto deste ano, em troca do engavetamento de projetos de lei que reajustam os benefícios previdenciários acima do previsto pelo governo. Dessa vez, a mesma proposta virá com a chancela pessoal do presidente Lula. Assim, assessores do governo acreditam que será possível dobrar as pequenas centrais sindicais e as entidades que representam os aposentados, que se rebelaram em agosto contra o acordo, pois consideraram pouco o porcentual de reajuste real oferecido.

O resultado da rebelião foi que o Executivo quase amargou uma derrota na Câmara dos Deputados na última quarta-feira, quando uma emenda do senador Paulo Paim (PT-RS), que estende a correção do salário mínimo para todos os benefícios previdenciários, entrou na pauta de votação. As lideranças governistas foram obrigadas a fazer uma manobra para manter a pauta travada, adiando a votação da proposta até que o governo encontrasse uma saída negociada com os sindicalistas. O governo teme que a equiparação com o mínimo vai quebrar o caixa da Previdência.

Reunião

O resultado do encontro do presidente com os ministros e líderes da base governista na Câmara deverá ser apresentado aos sindicalistas hoje à noite ou na quinta pela manhã com o governo – possivelmente com a presença do presidente Lula. "Ainda não há nada definido, estamos esperando o convite oficial do governo", afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, João Batista Inocentini.

O grupo de Inocentini é ligado à Força Sindical, uma das centrais que fecharam o acordo com o governo em agosto. Na opinião dele, o Executivo "vacilou em não colocar logo em votação o acordo firmado naquela época", diz. "Agora, espero que o governo defina se vai honrar, ou não, o acordo", comenta.

No entanto, mesmo que o governo queira honrar o acordo, as centrais sindicais não deverão ser facilmente convencidas, pois apostam que podem obter do governo um reajuste real mais elevado do que o acenado até agora. As entidades de aposentados confiam, principalmente, no poder de pressão que podem exercer sobre os parlamentares às vésperas de um ano eleitoral. Se os projetos de lei que corrigem os valores das aposentadorias e pensões forem aprovados no Con­gresso Nacional, só restará ao presidente Lula vetar as propostas, o que também não é interessante do ponto de vista político.

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