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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva jogou uma ducha de água fria nas pretensões do PT de disputar a presidência da Câmara para o biênio 2007/2008. Em reunião de cerca de três horas com os integrantes da Executiva do partido, na quinta-feira, o presidente não quis se alongar sobre o tema, dizendo que tratará dele no futuro com o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), cotado para o cargo, e com a bancada petista, mas deixou claro: trabalha, inclusive junto ao PMDB, para a reeleição do atual presidente, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Mesmo sendo integrante de um partido que não alcançou a cláusula de desempenho, o comunista Aldo Rebelo está se beneficiando de um conjunto de fatores que favorecem sua candidatura. Como o PMDB tem as maiores bancadas na Câmara e no Senado, a solução desenhada por Lula é apoiar a reeleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado e tê-lo como aliado para manter Aldo na Câmara. Essa operação, no entanto, exige um intrincado jogo político, do qual Lula quer ver o PT longe.

- É preciso ter cuidado para não se cometer os erros do passado, quando lançamos dois candidatos - disse o presidente Lula, referindo-se às candidaturas dos petistas Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG) à presidência da Câmara, que acabaram favorecendo Severino Cavalcanti (PP-PE).

Dividido, o PMDB tem dificuldades para criar uma candidatura forte à sucessão de Aldo. O ex-líder do PMDB Geddel Vieira Lima (BA) surgiu como nome natural, depois que apoiou a eleição do petista Jaques Wagner para o governo da Bahia. Ele considera que o PMDB tem direito ao cargo, mas já avisou que não entrará em nenhuma disputa.

Por outro lado, os governistas mais antigos - o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney (PMDB-AP) -, que querem continuar no comando dos entendimentos com o governo, estimularam o ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira (PMDB-CE) a lançar-se publicamente candidato com o objetivo de frear as pretensões de Geddel.

Com o PT contido e o PMDB dividido, as portas vão se abrindo para a reeleição de Aldo Rebelo. Até mesmo setores da oposição preferem o comunista no cargo. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), duplamente derrotado nas eleições, tem conversado muito com Renan Calheiros e na Câmara, segundo um aliado, está trabalhando para reeleger Aldo Rebelo, com o objetivo de impedir que o cargo seja ocupado por Geddel, seu desafeto da política baiana.

Outros líderes do PFL, por razões distintas, também preferem Aldo, sob o argumento de que não lhes interessa fortalecer o PMDB, que ficaria com a presidência das duas Casas. Os tucanos também não querem fazer da eleiçao da presidência da Câmara uma batalha.

- Nós não vamos disputar e trabalhamos pelo entendimento - disse o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães Junior (BA).

Na reunião de ontem com o PT, o presidente Lula afirmou que o lançamento de uma candidatura petista à presidência da Câmara poderia prejudicar a formação de um governo de coalizão:

- É preciso que a gente não dê sinais contraditórios e não se atrapalhe. Temos que ter humildade e aprender com a experiência - afirmou o presidente Lula, de acorco com um integrante da Executiva.

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