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Sérgio Machado, então como presidente da Transpetro | Divulgação/Agência Petrobras
Sérgio Machado, então como presidente da Transpetro| Foto: Divulgação/Agência Petrobras

Ex-presidente da Transpetro e delator da Lava Jato Sérgio Machado rebateu as acusações do presidente interino Michel Temer, que, em pronunciamento nesta quinta-feira (16), classificou as afirmações do colaborador da Lava Jato como “mentirosas” e “criminosas”.

O ex-comandante da estatal disse em depoimento que, no ano de 2012, Temer o procurou para pedir “recursos ilícitos” em forma de doação eleitoral para o então candidato do PMDB à prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita.

Aeronáutica diz não ter registros da Base Aérea de Brasília relativos a 2012

Agência O Globo

Depois que o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou que encontrou o presidente interino Michel Temer na Base Aérea de Brasília, “provavelmente” em setembro de 2012, a Força Aérea Brasíleira (FAB) afirmou, nesta quinta-feira, não ter registros de entrada e saída do local relativos ao ano citado.

Segundo Machado, Temer teria pedido, nesse encontro, dinheiro para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo.

“Com relação aos seus questionamentos, informamos que a Base Aérea de Brasília não dispõe dos registros relativos ao ano de 2012”, afirmou a FAB, em resposta encaminhada pela assessoria de imprensa. Ainda de acordo com a assessoria, só há registros dos últimos dois anos.

De acordo com Machado, a seu pedido, a Queiroz Galvão, uma das prestadoras de serviço da Transpetro, doou R$ 1,5 milhão ao diretório nacional do PMDB, que o repassou à campanha de Chalita.

Em nota oficial enviada por sua assessoria de imprensa, Machado reiterou as declarações dadas aos investigadores e lembrou que, ao assinar o temo de delação premiada, se comprometeu a relatar tudo o que sabia.

“Quando se faz acordo de colaboração assume-se o compromisso de falar a verdade e não se pode omitir nenhum fato; falo aqui sob esse compromisso”, afirmou.

Em outro trecho do comunicado, ele repetiu a versão contada em seus depoimentos e rechaçou a possibilidade de o presidente interino não ter conhecimento sobre a origem do dinheiro que teria abastecido a campanha do candidato peemedebista à prefeitura de São Paulo.

“O vice-presidente e todos os políticos citados sabiam que a solicitação seria repassada a um fornecedor da Transpetro, através de minha influência direta. Não fosse isso, ele teria procurado diretamente a empresa doadora”, argumentou Machado.

Veja a íntegra da nota de Machado

Sobre o pronunciamento feito hoje pelo Presidente Interino Michel Temer, reafirmo que:

1) Quando se faz acordo de colaboração assume-se o compromisso de falar a verdade e não se pode omitir nenhum fato; falo aqui sob esse compromisso

2) Em setembro 2012 fui procurado pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), presidente em exercício do partido, com uma demanda do então vice-presidente da República, Michel Temer: um pedido de ajuda para o candidato do PMDB a prefeito de São Paulo, Gabriel Chalita, porque a campanha estava em dificuldades financeiras

3) Naquele mesmo mês, estive na Base Aérea de Brasília com Michel Temer, que embarcava para São Paulo. Nos reunimos numa sala reservada

4) Na conversa, o vice-presidente Michel Temer solicitou doação para a campanha eleitoral de Chalita

5) O vice-presidente e todos os políticos citados sabiam que a solicitação seria repassada a um fornecedor da TRANSPETRO, através de minha influência direta. Não fosse isso, ele teria procurado diretamente a empresa doadora

6) Após esta conversa mantive contato com a empresa Queiroz Galvão, que tinha contratos com a TRANSPETRO, e viabilizei uma doação de R$ 1,5 milhão feita ao diretório nacional do PMDB; o diretório repassou os recursos diretamente à campanha de Chalita. A doação oficial pode ser facilmente comprovada por meio da prestação de contas da campanha do PMDB

7) É fato que nunca estive com Chalita

Eliseu Padilha diz que não há motivo para investigar Temer

O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) afirmou que todos os citados na delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado à Operação Lava Jato deverão ser investigados, mas que não há necessidade de se apurar a conduta do presidente interino Michel Temer (PMDB).

“Se o Ministério Público entender oportuno e se o delator apresentar provas mínimas daquilo que ele diz, vai ser apurado com relação às outras pessoas que ele cita. Com relação ao presidente, zero. Nenhuma possibilidade, porque não houve conversa dele com Sérgio Machado”, disse em entrevista após evento em São Paulo nesta quinta (16).

Questionado sobre o motivo da exceção que fez a Temer, Padilha respondeu: “Eu inverto. Por qual motivo [Temer deveria ser investigado]?”.

Durante palestra para empresários organizada pelo grupo Lide, Padilha disse que a força-tarefa da Lava Jato precisará sinalizar um encerramento de suas investigações, quando julgar o momento certo, para evitar efeitos “deletérios” observados na Itália com a operação Mãos Limpas.

“Tenho certeza de que os principais agentes da Lava Jato terão a sensibilidade para saber o momento em que eles deverão aprofundar ao extremo e também de eles caminharem rumo a uma definição final.”

Depois, questionado por jornalistas, o ministro negou que seja uma contradição com o discurso do governo a favor da operação.

“O que eu disse é que eu tenho certeza de que as autoridades da Lava Jato saberão o momento em que deverão pegar, aprofundar e apontar tudo que deverão apontar e pensar em concluir”, disse.

Em sua delação premiada, o ex-presidente da Transpetro relatou ter repassado propina a mais de 20 políticos de diferentes partidos, passando por PMDB.

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