Máfia do ISS é "escândalo" muito maior que mensalão, diz João Paulo

João Paulo Cunha (PT-SP), um dos deputados federais condenado no processo do mensalão, rechaçou o rótulo de que o processo foi o maior escândalo de corrupção da história. Em ato de desagravo a petistas presos, feito hoje durante o 5º Congresso Nacional do PT, em Brasília, o parlamentar afirmou que os desvios da prefeitura de São Paulo, no caso da máfia do ISS, configuram "maior escândalo".

"Corrupção não tem termômetro. Se rouba um real ou se rouba mil é a mesma coisa. Nessa seara, cinco presidentes de partidos, o presidente da Câmara, o ministro da Casa Civil se juntam em uma quadrilha e desviam 141 milhões, supostamente. [Na máfia do ISS,] cinco fiscais da prefeitura de São Paulo desviam 500 milhões. [No cartel de trens,] um [único] contrato da Alstom desvia mais de meio milhão. E [dizem que o mensalão] é o maior escândalo da história. É o [grande] escândalo político, é o [grande] escândalo de corrupção", disse.

O deputado reclamou também da demora do Judiciário para julgar o processo do mensalão tucano e criticou o desmembramento do caso. "O processo de Minas Gerais tem dois réus. Dois réus. E o resto? Foram para Justiça de Minas Gerais. Esse foi desmembrado e o nosso não", afirmou. "O devido processo legal foi atropelado. Isso tudo é para mostrar que o processo foi contaminado pela disputa política", acrescentou.

Condenado a nove anos de prisão e aguardando o julgamento de seu último recurso em liberdade, João Paulo Cunha desafiou o presidente do STF. O petista voltou a contestar a condenação pela prática de peculato (desvio de dinheiro público praticado por servidor). "O que eu tenho pedido é o seguinte: Diga, ministro Joaquim Barbosa, o que foi que eu desviei. Ele não diz. Sabe por que ele não diz? Porque não tem", disse Cunha.

Esta é a segunda vez que o deputado aparece em público para se defender e criticar o julgamento do processo do mensalão. Na última quarta-feira ele foi à tribuna do Plenário da Câmara. Na ocasião, disse que o caso foi uma "peça teatral de farsa".Durante o evento, também discursaram o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do partido na Câmara e irmão de José Genoino, a filha de José Dirceu, Joana Saragoça, e o vereador de Goiânia Carlos Soares (PT), irmão de Delúbio Soares.