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O namoro deixou de ser às escondidas. Agora, o PMDB resolveu assumir sua relação com o governo. O presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP), anunciou nesta quarta-feira a disposição da ala independente do partido de embarcar na coalizão institucional proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nas palavras do dirigente, que até pouco tempo liderava a corrente oposicionista do PMDB, a "significativa e expressiva maioria do PMDB está disposta a fazer essa coalizão de natureza política".

Para sacramentar a união, resta apenas o cumprimento de algumas formalidades. A primeira delas será uma reunião da Executiva do partido na próxima terça-feira. Depois disso, o conselho político da legenda, composto por mais de cem membros, assinará a adesão institucional.

O acordo informal foi fechado em reunião com Lula nesta tarde. Os peemedebistas Orestes Quércia (ex-governador de São Paulo), deputado Henrique Eduardo Alves (RN), Moreira Franco (RJ) e Tadeu Filipelli (DF) também estiveram presentes. Todos eles fazem parte da Executiva Nacional do partido.

Durante o encontro, o presidente apresentou ao grupo uma proposta de "agenda mínima de coalizão". A proposta, a ser apresentada ao conjunto dos aliados, tem sete pontos, que vão desde a reforma política até a criação de um conselho consultivo da coalizão, formado por presidentes e lideranças das legendas. Durante a conversa, Lula admitiu o erro de não ter trazido o PMDB para uma aliança formal em seu primeiro mandato. Por isso, trabalha para trazê-lo unido, mesmo tendo de administrar algumas pequenas dissidências.

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse a jornalistas que o presidente estabelece como fundamental a reciprocidade dos partidos que formarão a coalizão nas votações no Congresso e coloca como critério para definição de sua futura equipe o peso político e parlamentar de seus aliados.

Nas palavras de Genro, "a força política do partido influirá na força que o partido terá no governo". O PMDB elegeu 89 deputados e constituiu a maior bancada da Câmara. No Senado, deve se manter como maior legenda da Casa. O partido também elegeu o maior número de governadores, sete.

A "força" no governo a que Genro se refere é justamente a distribuição de cargos no ministério, assunto que os peemedebistas tratam com muito cuidado, temendo a habitual acusação de fisiológicos.

"Vamos dar um crédito de confiança ao presidente. Vamos negociar (cargos) depois", afirmou Quércia.

PMDB mais unido

Lula reuniu-se primeiro com o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, que prometeu atuar para aparar as arestas domésticas. O partido, no entanto, não apresentará a mercadoria ideal para os planos do governo. Ainda há setores que defendem distanciamento em relação ao Planalto.

"Eles não farão nenhum movimento de oposição a esta interação", assegurou Michel Temer, ao se referir a um grupo de seis senadores da sigla que decidiu se manter independente.

O PMDB permaneceu dividido durante o primeiro mandato de Lula. Ao longo dos últimos quatro anos, e especialmente na eleição passada, o petista se aproximou de seus interlocutores preferenciais, senador José Sarney, deputado Jader Barbalho, e o presidente do Congresso, Renan Calheiros.

A vitória eleitoral e a adesão de líderes importantes à sua campanha criou um cenário positivo a um embarque amplo do partido.

Dias atrás, Temer reclamou de não ter sido chamado ao diálogo pelo presidente. Ele não só representava a corrente adversária ao governo como apoiou oficialmente a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo Planalto.

O convite chegou após a queixa pública. Enfraquecido com o resultado das eleições, restou a ele a alternativa de se engajar na coalizão.

Diante do cenário, Michel Temer acabou se tornando porta-voz de uma extensa corrente disposta a aderir. No entanto, as divergências com outras lideranças peemedebistas, estas muito mais próximas a Lula, não o colocam como representante político da ala governista, já atraída pelo Planalto.

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