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As ferramentas da rede mundial de computadores ainda não são bem exploradas pelos parlamentares paranaenses. Uma pesquisa realizada no departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) mostra que apenas 37,3% dos deputados federais, estaduais e vereadores das três maiores cidades do estado têm site para se comunicar com o eleitor e divulgar as ações do seu mandato.

A pesquisa coordenada pelo professor Sérgio Braga fez um levantamento quantitativo e qualitativo dos sites dos parlamentares e também testou a importância que eles dão aos e-mails que recebem. Entre 17 e 24 de abril deste ano, o professor enviou um pequeno questionário para 158 parlamentares – os 30 deputados federais, 54 estaduais, além dos vereadores de Londrina, Maringá e Curitiba. Após uma semana de espera, 18 responderam, ou 11,4% do total. Outros 115 não responderam, e os e-mails de 25 estavam desativados.

O professor Sérgio Braga considera que o correio eletrônico não é o principal meio de interação virtual com o eleitor, apesar de ser uma importante ferramenta de comunicação. "Se todo mundo começar a enviar e-mail, acabará tendo o efeito contrário. A caixa postal ficará lotada e o parlamentar não terá condições responder", diz. "Tem senador que recebe mil e-mails por dia. A maior parte é spam (mensagem publicitária não solicitada)."

Para o pesquisador, a ferramenta eletrônica mais importante para a participação do eleitor é o website. Além do baixo número de páginas eletrônicas dos deputados e vereadores paranaenses (apenas 59 dos 158 pesquisados mantêm website), muitos, na avaliação qualitativa da pesquisa, não são bem feitos. Ou estão desatualizados, ou têm informações irrelevantes para o eleitor. Os mais conceituados são aqueles usados como gabinete virtual, pelo qual o eleitor pode ter contato com a rotina do mandato, como a agenda do político, quais os projetos apresentados, quais as idéias defendidas pelo parlamentar em plenário, entre outras questões que possibilitam a transparência do trabalho legislativo. "Como homem público, é quase um dever do parlamentar divulgar o que faz", afirma Braga.

O uso da internet ainda é privilégio de poucos. A 2.ª Pesquisa Sobre Uso da Tecnologia da Informação e da Comunicação no Brasil – feita pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil – mostra que 33% da população já acessou a internet no Brasil em 2006. Na Região Sul, esse índice é de 36,19%. Levantamento feito pelo Comitê para a Democratização da Informática do Paraná (CDI) registra que em Curitiba 12% da população tem computador em casa. Apesar do número baixo de pessoas com acesso à informática, a coordenadora executiva do CDI, Jocimara Forbeloni, diz que a internet não pode ser ignorada por ser um importante espaço de democratização da política. "As pessoas podem manter um contato maior como o político. Além disso, o parlamentar poderia exercer a transparência do mandato através da internet, divulgando, por exemplo, a prestação de contas da gestão."

Pelos dados do CDI, a maior parte das pessoas que tem computador e acessa a internet é formada por cidadãos entre 18 e 35 anos, ou seja, eleitores.

Alguns autores defendem que os recursos da internet permitirão a criação de um espaço público deliberativo eletrônico, que Celso Cândido, professor da Unisinos (RS), chama de "Ágora Virtual", pelo qual todos os cidadãos poderão se encontrar virtualmente e deliberar a respeito de assuntos públicos. Ágora era o local onde os cidadãos da Grécia Antiga se encontravam para deliberar e exerciam a democracia direta.

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