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A Polícia Federal vai abrir inquérito contra 3.500 pessoas e empresas suspeitas de fazer remessas ilegais para os Estados Unidos entre 1999 e 2002. Os alvos das investigações são políticos, empresários, artistas, jogadores de futebol e servidores públicos, que fizeram remessas de US$ 30 mil a mais de US$ 20 milhões por meio de doleiros que administravam 40 subcontas da Beacon Hill, uma superconta aberta pelo guatemalteco Anibal Contreras no JP Morgan, de Nova York. As subcontas eram administradas por cem doleiros brasileiros.

Os investigados são suspeitos de evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro e serão chamados para depor ao longo desse mês. Boa parte dos suspeitos já está sendo chamada para dar explicações à Receita e pagar multas e impostos devidos. As ordens para abertura de inquérito partiram da Divisão de Repressão a Crimes Financeiros da PF, em Brasília, encarregada da investigação iniciada com a Operação Farol da Colina (Beacon Hill em inglês).

A divisão pediu a abertura de 2.200 inquéritos em São Paulo, 720 no Rio de Janeiro e 300 em Minas Gerais. Também foi requisitada investigações no Amazonas, no Distrito Federal e em outros estados. A Beacon Hill foi desativada em 2002, depois de uma devastadora investigação da Promotoria Pública de Nova York contra o crime organizado nos Estados Unidos. A superconta foi investigada pela CPI do Banestado e é apontada por autoridades brasileiras e americanas como a maior lavanderia de dinheiro do mundo.

Pelo sistema dólar-cabo, o interessado em remeter dinheiro para o exterior repassa os recursos para um doleiro no Brasil. No mesmo dia, o doleiro faz um depósito correspondente na conta indicada pelo interessado no exterior. Em geral, as contas dos doleiros nos Estados Unidos eram abastecidas por dólares que brasileiros queriam mandar para o Brasil sem passar pelos canais oficiais. Pelas informações da polícia, o esquema dos doleiros, uma espécie de sistema financeiro clandestino, movimentou mais de US$ 20 bilhões entre 1997 e 2002.

Na Operação Farol da Colina, deflagrada no dia 17 de agosto do ano passado, a PF prendeu 70 dos 123 maiores doleiros do país, supostamente envolvidos com as remessas ilegais. A partir daí, a PF e a Receita Federal começaram a identificar as 8.500 pessoas e empresas clientes destes doleiros. Para facilitar o trabalho, a PF concentrou as investigações só nos autores de remessas acima de US$ 30 mil. A Receita está atuando sobre aqueles que enviaram dinheiro a partir de 1999. Os crimes fiscais anteriores a esta data estão prescritos.

A Receita também preparou uma lista de 200 servidores que recorreram a doleiros para mandar dinheiro para o exterior. A suspeita é que vários deles fizeram remessas incompatíveis com rendimentos declarados. A PF também deverá abrir inquérito contra esse grupo.

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