| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A costura feita entre os políticos para ao menos manter os direitos políticos de Dilma Rousseff (PT) após o impeachment teria começado já perto do dia da votação final, nesta quarta-feira (31). Talvez por isso a surpresa dos aliados de Michel Temer, quando o placar anunciou a vitória da bancada do PT.

CARREGANDO :)

“Quer fazer acordo? Faz. Mas eles podiam ao menos ter nos avisado”, falou um irritado líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB), logo após identificar votos de peemedebistas engrossando o número pró-Dilma.

Opção por votar as punições de Dilma em duas etapas tem amparo legal

Leia a matéria completa
Publicidade
Veja também
  • Para Celso de Mello, quem perde o mandato fica inabilitado para cargo público
  • DEM e PSDB desistem de ir ao STF contra manutenção dos direitos políticos de Dilma
  • Maia: decisão de manter direitos políticos de Dilma abre precedente para Cunha
  • Temer baixa o tom no discurso em cadeia nacional e pede pacificação do país

A articulação teria sido encabeçada por Kátia Abreu (PMDB-TO), peemedebista fiel a Dilma Rousseff. A perda do direito de exercer qualquer função pública – o que deixaria a petista sem poder até dar aulas em universidades, por exemplo – incomodava a senadora, que procurou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), personagem que, no passado, chegou a desenhar a tese de um “semipresidencialismo” para evitar o impeachment. Por meses, foi considerado uma espécie de alicerce de Dilma Rousseff no Congresso Nacional, em meio a uma hostil Câmara dos Deputados comandada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na etapa final do processo do impeachment, contudo, Renan já se reunia mais com Michel Temer do que com Dilma Rousseff.

A reaproximação entre Temer e Renan teria ficado evidente na sexta-feira (26), quando o presidente do Senado foi para o confronto direto com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), uma das mais aguerridas defensoras de Dilma Rousseff, no Plenário da Casa, no segundo dia de julgamento. Na visão de petistas, o gesto “destemperado” de um peemedebista geralmente “tolerante” já era um sinal de alerta: Renan queria “romper” com o PT para votar a favor do impeachment.

Nesta quarta-feira (31), Renan “saiu do muro” sobre o impeachment, mas seu comportamento “pendular”, que lhe é característico, foi anotado pelo Planalto: votou a favor do impeachment, mas tomou o microfone para fazer uma defesa veemente da proposta do PT, desobedecendo as regras da sessão, que não reservava mais um orador para encaminhar a favor de Dilma Rousseff. “Não vamos ser desumanos”, pediu Renan aos colegas no plenário. Na sequência derrotados, tucanos admitiam reservadamente o embaraço causado por Renan. E o PMDB, historicamente dividido, já inicia sua gestão tendo que aparar as arestas.

Para o senador Alvaro Dias (PV-PR), que agora integra uma legenda que se coloca “independente”, a decisão que retira um dos problemas de Dilma Rousseff foi para “aplacar consciências”. “Eu acredito que o voto foi mais para aplacar a consciência daqueles que foram governistas até o último momento e só pularam do barco quando o barco afundou”, avaliou o ex-tucano, logo após o fim da sessão.

Publicidade