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Walfrido dos Mares Guia prepara carta de afastamento para entregar a Lula

O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, segundo informações da Globonews TV, entregará nesta quinta-feira (22) uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo afastamentotemporário do cargo. A Casa Civil não confirma o afastamento de Mares Guia, mas informa que o ministro dará uma entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira. Leia matéria completa

O ministro Walfrido Mares Guia (Relações Institucionais) entregou nesta quinta-feira a carta pedindo afastamento do cargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Ao longo destes quase cinco anos de colaboração com seu governo, procurei contribuir com todos os meus esforços para uma obra econômica e social que já faz parte da História do País. Infelizmente, esse mesmo compromisso me obriga, hoje, a pedir meu afastamento do cargo de ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais", disse Mares Guia na carta.

Mares Guia classifica as acusações imputadas pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, de injustas e improcedentes.

"A acusação é injusta e improcedente. Isso ficará provado no curso do processo. Considero que neste momento é meu dever empenhar todos os meus esforços para me defender. Não quero, entretanto, que um assunto alheio ao seu governo cause qualquer embaraço à sua gestão e à importante agenda que vossa excelência tem para o país", afirmou.

Perda

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou nesta quinta-feira (22) que a saída do ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, é uma "perda" para o governo, que negocia neste momento a prorrogação da Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF). A intenção do governo é que o tributo seja mantido até 2011.

"A saída do Walfrido é uma perda para o governo, porque ele tem um papel de articulação política fundamental, que ele faz muito bem. É um companheiro solidário, mas nós continuaremos fazendo as negociações mesmo sem ele. Não acredito que vá haver prejuízo, porque acredito que vamos aprovar a prorrogação da CPMF", disse Mantega.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, por sua vez, afirmou que a provável saída do colega Walfrido Mares Guia (Relações Institucionais) do governo não prejudicará as articulações para a prorrogação da CPMF, que tramita no Senado.

"Se se confirmar a saída do ministro, lamento por ser um grande quadro, um grande ministro. Mas é evidente que o governo continua, as metas estão traçadas com tranqüilidade, e sob a liderança do presidente Lula, com certeza, vamos vencer essa batalha", afirmou Temporão nesta quinta-feira (22).

Co-autor

"Não é problema meu", disse nesta quinta-feira (22) o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre o provável afastamento do ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, após denúncia apresentada por ele mesmo no Supremo Tribunal Federal por crime de peculato.

"Faço denúncias sobre fatos do passado. É dever meu. E as conseqüências estão na lei", acrescentou o procurador-geral da República.

O procurador-geral da República disse ainda que o texto de sua denúncia, de 86 páginas, descreve minuciosamente o esquema ocorrido em Minas Gerais, em 1998. Segundo ele, o objetivo do esquema seria o desvio de recursos públicos.

"O ministro é co-autor porque participou dos atos que engendraram este esquema", afirmou ele.

Denúncia

O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, ofereceu denúncia junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Mares Guia e o ex-governador de Minas Gerais e atual senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), no caso que ficou conhecido como "mensalão" mineiro.

O ministro havia avisado ao presidente Lula que deixaria o cargo como articulador político do Palácio do Planalto caso a Procuradoria oferecesse a denúncia para se defender.

Após entregar a carta, o ministro anunciará a saída em entrevista coletiva à imprensa. Leia abaixo a íntegra da carta

"Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Senhor Presidente, quando aceitei seu honroso convite para assumir o Ministério do Turismo e, posteriormente, a Secretaria de Relações Institucionais, o fiz com a tranqüilidade de que tenho uma vida idônea, transparente e marcada por êxitos que obtive à custa de muito trabalho. Ao longo destes quase cinco anos de colaboração com seu governo, procurei contribuir com todos os meus esforços para uma obra econômica e social que já faz parte da História do País. Infelizmente, esse mesmo compromisso me obriga, hoje, a pedir meu afastamento do cargo de Ministro-Chefe da Secretaria de Relações Institucionais.

Uma única vez, no dia 6 de março de 2006, prestei depoimento à Polícia Federal sobre questões relativas à campanha eleitoral de 1998 em Minas Gerais. Naquela oportunidade, nada me foi perguntado sobre um possível desvio de recursos de patrocínio de eventos para a campanha de reeleição do então governador. Essas questões, agora, baseiam uma surpreendente acusação contra mim. Recebi com profunda indignação a informação de que o Procurador-Geral da República acusou-me perante o Supremo Tribunal Federal por um crime que não cometi e sobre o qual jamais fui ouvido. Nem a Polícia Federal, nem o próprio Procurador deram-me o direito de prestar os esclarecimentos ao longo dos quase dez anos nos quais investigou-se esse assunto.

Como lhe disse anteriormente, se tivesse um milímetro de dúvida sobre minha biografia, jamais teria aceitado este cargo. Essa convicção me permite afirmar que nunca participei de qualquer reunião sobre o assunto que ora move o Procurador-Geral da República em sua acusação ou dele tive ciência ao longo da campanha eleitoral de 1998, período no qual dediquei-me intensamente à minha eleição para a Câmara dos Deputados. A acusação é injusta e improcedente. Isso ficará provado no curso do processo. Considero que neste momento é meu dever empenhar todos os meus esforços para me defender. Não quero, entretanto, que um assunto alheio ao seu governo cause qualquer embaraço à sua gestão e à importante agenda que Vossa Excelência tem para o País.

Senhor Presidente, agradeço imensamente seu apoio e sua confiança. Nos conhecemos ao final de 2002, quando fui chamado para compor sua equipe. Desde então, sua postura leal, firme e cordial estreitou os laços entre nós e também entre nossas famílias. Ao interromper esta colaboração, o faço com enorme gratidão pela oportunidade de servir ao País e com profundo afeto pela amizade que construímos. Saiba que onde estiver continuarei trabalhando por seu governo.

Respeitosamente,

WALFRIDO DOS MARES GUIA

Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República"

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