A candidata do PV à Presidência da República, senadora Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não precisa de um continuador de seu governo e sim de um sucessor, em uma crítica indireta à candidata do PT, Dilma Rousseff.

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"O presidente Lula aprendeu a dor e a delícia de ser o que é, com dificuldades que entendo que precisam ser superadas. E é por ele não ter sido capaz de enfrentar todas as dificuldades, que ele precisa de um sucessor, não de um continuador", afirmou, citando trecho de letra do compositor Caetano Veloso.

Marina foi sabatinada pelo jornal Folha de S.Paulo durante duas horas.

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A senadora se colocou novamente de forma contrária à campanha eleitoral plebiscitária entre Dilma e José Serra, candidato do PSDB. Ambos estão empatados com 37 por cento das intenções de voto, enquanto a candidata do PV tem 12 por cento, em números do Datafolha.

"O processo político deve ganhar a dinâmica de um processo político que quebre de vez com a lógica do plebiscito, que cada candidato possa explicitar suas posições, aquilo que acha que é o melhor para o Brasil e em que lugar ele se coloca nestas eleições, se é de oposição, se é de continuação ou se é de sucessão. Eu estou me colocando no lugar de sucessora", disse.

Ela disse que seu índice de 12 por cento nas pesquisas representa 16 milhões de eleitores e que está muito animada com a eleição, mesmo que os outros dois "sejam candidatos desde pequenininhos".

Quanto a assuntos polêmicos, disse ser contra o casamento entre homossexuais, a legalização do aborto (por ter posição em defesa da vida) e a descriminalização das drogas. Defendeu a realização de plebiscito no caso do aborto.

A senadora concordou com o reajuste de 7,7 por cento aos aposentados que ganham acima de um salário mínimo, sancionado na terça-feira pelo presidente Lula, e disse que votou neste sentido na sessão do Senado.

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"É justo que os aposentados tenham esse reajuste", disse. Ela defende que os recursos para este desembolso saiam das emendas dos parlamentares. "Votei por Justiça, mesmo com a dificuldade de onerar os cofres públicos".

Ela não vê semelhança entre a questão dos aposentados e o debate sobre a redistribuição dos royalties do petróleo no marco regulatório do pré-sal. Neste caso, ela vê "contaminação pelo processo eleitoral" e defendia a votação apenas depois das eleições. Emenda aprovada pelo Senado prevê a divisão mais ampla dos royalties do pré-sal, desagradando Estados produtores.

A senadora disse concordar com o regime de metas de inflação, mas acredita que elas precisam ser alcançadas também com a redução do gasto público.

Pressões

Marina contou que teria permanecido no PT e apoiaria um candidato do partido se a sigla tivesse evoluído sua concepção em relação à sustentabilidade.

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Segundo ela, seus concorrentes, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), têm a mesma visão desenvolvimentista para a sociedade brasileira, da qual ela não compactua.

"Eu não precisaria sair do PT se o partido tivesse a capacidade de ter entendido o novo olhar para a realidade... a sustentabilidade é fundamental para o desenvolvimento do país", disse Marina.

Em 2009, a candidata deixou o PT, partido ao qual se filiou em 1985, e entrou para o PV. No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008.

Ela relatou que saiu do governo por pressões internas e externas contra o plano de combate ao desmatamento da Amazônia, batizado de Programa de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia.

Marina contou na sabatina que os ministros da época --Reinhold Stephanes (Agricultura) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), além do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi--, procuraram influenciar o presidente Lula para alterar o programa. "Aí eu pedi para sair", disse.A senadora afirmou que, como a sociedade civil vinha acompanhando a implantação das medidas de combate ao desmatamento, o plano acabou bem sucedido e o desmatamento continuou a cair.

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Já sobre a aprovação dos transgênicos, disse que desta vez a briga foi perdida no Congresso.

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