• Carregando...
“Estou propondo que a gente faça uma autocrítica. Precisamos dar uma resposta positiva à opinião pública.”Silvio Costa, deputado federal que defendia que familiares viajassem à custa da Câmara | Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
“Estou propondo que a gente faça uma autocrítica. Precisamos dar uma resposta positiva à opinião pública.”Silvio Costa, deputado federal que defendia que familiares viajassem à custa da Câmara| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

A mobilização de aliados do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para aprovar no plenário o projeto que limita o uso de passagens aéreas e o temor dos deputados de um desgaste maior nas suas bases eleitorais provocaram um recuo de parte de parlamentares contrários às regras anunciadas pela Mesa na semana passada. Um dos expoentes da resistência, o deputado Sílvio Costa (PMN-PE) disparou telefonemas no fim de semana para convencer os colegas a aprovar o projeto de resolução sem as mudanças que estavam sendo articuladas. Costa defendia que a Câmara arcasse com os custos das viagens de cônjuges e filhos dependentes.

"Vocês podem perguntar se eu mudei de lado. Mas quem pensa, reflete. E achei que essa discussão estava ficando pequena demais diante da importância da Câmara", alegou Costa. Ele conta que conversou com pelo menos 50 colegas ontem à tarde. "Se você entra em uma rua na contramão, você dá ré", comparou. "Estou propondo que a gente faça uma autocrítica. Precisamos dar uma resposta positiva à opinião pública", continuou.

Costa, que estava em seu estado, Pernambuco, no fim de semana, disse que andou pelas ruas para sentir a recepção da população e percebeu que seu argumento não convenceu os eleitores. "A tese não foi assimilada pela opinião pública e confundida com os desmandos das passagens", argumentou. O deputado justificou ainda a mudança de posição com a defesa do presidente da Casa. "Essa construção da emenda (para alterar o projeto) estava parecendo uma coisa de confronto com o presidente. Nesse momento Michel precisa de todos nós. É um grande presidente", disse.

Urgência

Aliados de Temer esperam pôr um fim na crise das passagens aéreas com a aprovação do projeto de resolução. Eles tentam impedir que a imagem do presidente da Casa se desgaste ainda mais. O peemedebista reúne os líderes partidários hoje, em busca de apoio para levar o projeto à votação em regime de urgência. Na quarta-feira passada, ele enfrentou uma rebelião no plenário depois que anunciou as medidas. Deputados reagiram contra a decisão e chegaram a anunciar que apresentariam recurso contra Temer.

O projeto de resolução, cujo texto só foi apresentado dois dias depois por causa das articulações políticas, limita as viagens dos deputados. No caso dos assessores, os deslocamentos aéreos só são permitidos em território nacional e desde que a Mesa Diretora da Casa seja comunicada. Os gastos com a cota de passagens terão de ser divulgados, até o prazo de 90 dias, no site transparência da Câmara (www2.camara.govbr/transparencia/missaooficial.html). A proposta também estabelece que a verba tem de ser usada no período de um ano, não havendo acúmulo de um exercício para o seguinte.

Valores

O valor da cota de passagens varia de acordo com o estado de origem do deputado. A maior cota, para os deputados de Roraima, será de R$ 14.989,95, e a menor, para a bancada do Distrito Federal, será de R$ 3.764,58. Os valores tiveram um corte de 20% em relação aos valores atuais.

Os deputados federais paranaenses, que recebiam até agora R$ 12.356,97 mensais, passarão a receber cerca de R$ 9,8 mil.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]