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O Senado foi palco nesta segunda-feira de um intenso debate sobre o financiamento de campanhas eleitorais. O líder do governo, Aloízio Mercadante (PT-SP), decidiu explicar suas contas eleitorais depois que o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), na semana passada, acusara-o de declarar gastos irreais à Justiça. Mercadante confirmou despesas de R$ 710 mil para eleger-se senador por São Paulo, mas acrescentou a esse valor uma conta bem maior, declarada pelo PT paulista, de cerca de R$ 3,4 milhões. Segundo Mercadante, aí está incluído o pagamento ao publicitário Duda Mendonça, de R$ 1,9 milhão.

Ele explicou que gastos com shows, outdoors, estúdios, por exemplo, foram pagos pelo PT nacional, num pacote único que beneficiou os candidatos às eleições majoritárias - presidente, governadores e senadores.

O petista criticou o discurso do adversário tucano. Para Mercadante, ao afirmar que diante das denúncias de corrupção o presidente Lula era "idiota ou corrupto", Virgílio usou expressões incompatíveis com o decoro parlamentar. Mercadante também acusou Virgílio de deslealdade, por criticar e duvidar de suas contas eleitorais sem uma conversa prévia.

Virgílio explicara que os ataques exaltados da última quinta-feira se deveram a uma intervenção do deputado petista Henrique Fontana (RS) na CPI dos Correios, que relacionava seu nome a uma doação de campanha feita pela empresa Skymaster, investigada pela comissão. Nesta segunda, no entanto, retomou o tom ameno. Mas não retirou a opinião sobre os gastos do petista, listando os inúmeros itens de campanha eleitoral. Disse ainda que esperava de Mercadante uma palavra de defesa em relação às ilações feitas por Fontana, da mesma forma que defendera os deputados petistas Paulo Delgado (MG) e Sigmaringa Seixas (DF) de suposições de receberem um mensalão. Mercadante afirmou que não se manifestou porque só soube dos fatos depois que Virgílio havia discursado.

- Não estou aqui para propor um jogo de hipocrisia nem para dizer que se deve ao PT todos os defeitos do quadro político - disse Virgílio.

- Dizem, no meu estado, que, como eu declarei R$ 1,6 milhão, eu teria comprado o meu mandato. Eu, que procurei justamente fazer o contrário: declarar tudo aquilo que recebi de arrecadação de campanha. É preciso chegarmos a essas verdades - completou.

Mercadante foi ao Senado munido de um levantamento dos gastos de campanha dos colegas. Segundo as contas declaradas ao TSE, 24 dos 81 senadores gastaram mais que ele. O atual ministro das Comunicações, senador Hélio Costa (PMDB-MG), foi o campeão de gastos: R$ 2.467.583,48, de acordo com os dados de Mercadante. A campanha mais barata, segundo o levantamento, foi a do sergipano Almeida Lima, do PSDB: gastou R$ 20 mil.

- As despesas de campanha fora das contas são um problema de todos os partidos. O caminho é a transparência nas contas - defendeu Mercadante.

Depois de muitos ataques, no final do debate ambos apertaram as mãos.

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